Semânticas
Faltando 70 dias para o fim do ano, já descontando aqueles em que nada é feito, a lista dos afazeres continua bem maior do que a dos feitos. Queria tempo, bem mais tempo para ler, mas é a escrita que me resta como refúgio, diria o poeta. Mas o que escrever? Qual o significado do que se escreve? Sem entrar no drama das reflexões infinitas que não chegam a lugar algum, ainda que partindo de um ponto difuso, as homenagens poder ser o início desse processo de vencer a palavra e seus vários tons e acentos. Em menos de uma semana, coincidiram várias dessas homenagens de peso: dia das crianças, do professor e do médico. O feriado nem contou por ter caído num sábado. Começando pela criança que todos um dia formos, sim, voltaria no tempo para dizer para aquele outro - ou mesmo - eu: brinque mais, muito mais! E tente crescer sem assumir tantas responsabilidades. No plano fictício, tudo é possível, certo? No caso do professor, o significado do que ele seja é distinto, sobrecarregado que está por ser mais gestor de espaços e de conflitos do que educador, mas fiz uma trova em nossa homenagem: Não importa a disciplina / em que a lição é aprendida: / o professor que me ensina / torna-se exemplo de vida. Quanto ao médico... símbolo e significado de saúde?
Esporte não pode significar apenas o futebol, nisso expresso meu lado Lima Barreto. E também o esporte de alto rendimento está longe da saúde, bem o sabem os praticantes e as equipes médicas que cuidam dos atletas. Porém, ainda considero o esporte seja um dos apoios do tripé que imagino para a sustentabilidade social. Os outros dois são a ciência e as artes. O pé aqui é simbólico, mas não é no contato dele com a bola que vejo o melhor dos esportes. Bolas mais rápidas (torno-me repetitivo) do vôlei e do tênis são muito mais prazerosas e emocionantes de assistir. A Superliga de Vôlei iniciou nova temporada e Bia Haddad, no tênis, voltou a ser top 10 na classificação mundial, ainda que inconstante nas disputas recentes na Ásia, devendo sair dessa seleta lista na semana que vem. O chamado "big three" foi símbolo iluminado de uma era de ouro do tênis, mas exceção na história centenária desse esporte. O mais comum era a alternância de vários protagonistas no topo do ranking, o que volta a acontecer agora. Roger Federer brilhantemente encerrou a carreira em 2022 e Nola Djokovic ainda joga em bom nível, apesar da decepção por se revelar um negacionista e anti-vacina. A rima é simples, mas necessária: tudo chega a um final, até Rafael Nadal. Completa-se a tríade mágica do tênis masculino.
Iluminação esportiva, mas que trato com desconfiança, pois virou caso de polícia e de política falar de luz. Essa forma de energia é fundamental para enxergarmos, ainda que, mesmo vendo, nem todos entendam. É curioso que venda é mais uma de nossa palavras ônibus que podem ter vários significados. Ao contrário do que as redes sociais dizem, tal propriedade acontece em todas as outras línguas e não é por que eu conheço bem uma que vou desprezar as outras. Seria apenas ignorância. Venda de tecido - local de comércio ou a natureza do artefato que obstrui os olhos? A terminação em "o" da palavra carrega destino similar. Vendo as pessoas é por que apenas admiro transeuntes ou pratico crime hediondo? Se for para o imperativo venda! temos de olhar a conjugação de 2a e 3a pessoas, pois muita coisa aí cabe, de mandar tapar algo ou comercializar. Entre os poetas, outro dia, levamos um bom tempo de discussão para entender que um estava com o tu em mente enquanto o outro, com o você. O interlocutor é o mesmo, mas a gramática nos confundiu na concordância e na semântica.
👏🏻👏🏻👏🏻🥰🥰🥰
ResponderExcluirMuito bom Adilson. Gostei dos três parágrafos. Sempre elucidativos com ponderações que levam à reflexão.
ResponderExcluirSeus parágrafos, sempre bem escritos, prendem a atenção do leitor . Acho a leitura muito prazerosa!
ResponderExcluirMagda Helena
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