O 14 de Julho

No 14 de julho os franceses fizeram uma festa para aproveitar a proximidade de vários eventos, desde as celebrações da tomada da Bastilha, que está muito próxima ao início dos Jogos Olímpicos em Paris, daqui a dez dias, e a derrocada, ainda que momentânea, da extrema direita nas eleições havidas na última semana. Um ufa! global foi dado. Do outro lado do Atlântico, porém, as coisas estão ruins, com mais um atentado a político norte-americano. No Brasil, em 2018, a facada elegeu Bolsonaro. Nos Estados Unidos, ainda não está claro como o tiro de raspão em Donald Trump interferirá na eleição. A violência típica da extrema direita pode ser um tiro no pé, com o perdão do trocadilho. Os que estavam indecisos podem ver na volta do ex-presidente o açodamento dessa violência. Mas também, a elite masculina e branca pode ver na imagem do candidato sangrando a consolidação da hegemonia da força. Do outro lado, continua a candidatura cambaleante de Joe Biden que poderia usar o atentado em seu benefício. Serão quatro meses de muita expectativa e tensão.

O atentado contra Trump reflete a cultura da violência, repito. Foram tantos os atentados contra políticos norte-americanos quanto as interferências do mesmo naipe dos EUA em outros países. O midiático candidato republicano, em menos de um minuto, coloca a mão na orelha, abaixa-se e já se levanta com os punhos cerrados, com imagem já viralizada mundo afora, tendo a bandeira daquele país por trás da foto. Pelo jeito, o fato será mais importante para o sucesso da campanha do que qualquer discussão sobre porte de armas de fogo, limites das liberdades individuais e um longo etc que defensores da democracia deveriam ter em primeiro plano. Na verdade, é o suposto direito de ser violento. Sim, olho por olho e no final estaremos todos cegos. Não, já estamos cegos e o que nos torna humanos parece ser o mais inumano dos princípios - a morte dos da mesma espécie. E ainda se preocupam se a inteligência artificial criará robôs que nos substituam e possam nos eliminar. Bem, nós estamos fazendo isso com bastante rapidez e eficiência. Ler um pouco de Yuval Harari explicaria a situação, não pensando nas questões judaicas, mas nas tecnológicas que ele trouxe em seus livros.

Foi aniversário de Campinas, significativos 250 anos. Faz um quarto de milênio / e o que agora nos ensinas? / ter vida, verde, oxigênio... / são os desejos, Campinas. O Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas completa 18 anos na mesma data, maioridade que muito me cobra por ainda não recolocar suas atividades devidamente nos eixos. Creio que agora, sem a pressão de coincidir as publicações com os aniversários, o processo flua, nossa revista saia e os eventos continuem a acontecer. Uma próxima palestra será a do médico Flávio Quilici, recém empossado na Academia Campinense de Letras, que tem escrito obra sobre a história da medicina, e que também adentrou o Instituto. Registro que morreram Sergio Cabral e a atriz Shelley Duvall no mesmo dia, posterior a mais uma demonstração de violência norte-americana com o uso de armas de fogo, insisto em repetir e lamentar. Sendo Dia do Trovador neste 18 de julho, deixo uma trova para refletir sobre o que está acontecendo: O tempo revela a face / do presente que eu aturo, / mas desejo que não passe / o passado no futuro.

Comentários

  1. A riqueza de detalhes e a crítica social presente em seu texto demonstram um olhar atento e uma reflexão urgente sobre a violência política e suas consequências, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A proposta de fazer a transição para a celebração dos 250 anos de Campinas adicionou um toque de localidade e cultura que enriqueceu ainda mais sua narrativa. Parabéns pelo excelente trabalho!

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  2. Ótima narrativa, reflexão e comemoração do aniversário de Campinas.
    Parabéns!
    Magda Helena G.Teixeura.

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