Nas alturas

Temos medo de altura, de elevador, de escada rolante, do sobe e desce na vida. Tenho minhas apreensões quando os pés ficam distantes do solo, mas a diversão é garantida em montanhas-russas, salto de paraquedas, viajar de avião e outras estripulias aladas para quem não possui asas. No trabalho, a plataforma elevatória levou mais de cinco anos para funcionar e, ainda assim, sem a porta interna. Vê-se a parede passar ao alcance das mãos entre um andar e outro. Aproximar-se da saída com o elevador em movimento faz com ele pare - ao menos um sensor de segurança existe. Minha avó tinha pânico dessas criações mecânicas e, se precisasse ser levada a uma consulta médica, já passava mal ao entrar no carro. Para ir a um local que tivesse elevador ou escada rolante, então, dizia ser melhor deixar ela morrer sem atendimento, que seria mais tranquila a passagem para o outro mundo. Coisas inexplicáveis de nossa mente, tanto os medos quanto as crenças. Vejo que alguns jovens possuem tais fobias, desenvolvidas não pela idade, mas pelo cérebro que está cada vez mais em contato com diversidades tecnológicas. Um paradoxo. O complexo reptiliano, pelo jeito, não se elevou tanto na escala evolutiva quanto o resto da massa cinzenta para assimilar as modernidades.

Os balões são um dos marcos da Cidade Azul e eles pintaram o céu de várias cores no aniversário de Rio Claro, no dia que coincide com São João. Eu ainda não entendi a correlação com o santo padroeiro, a coincidência de dias, mas parece que economizaram um feriado. Lá nas alturas vimos a bonita dança dos aeromóveis, pensando que um dia Santos Dumont pilotou algo semelhante ao redor da Torre Eiffel em Paris, antes de voar de avião. Não adianta clamarmos ser ele o Pai da Aviação, pois no mundo todo atribuem o feito do primeiro voo aos irmãos Wright, como se a catapulta que usaram tivesse a mesma importância do decolar autônomo do 14-Bis. A primazia não é necessariamente de quem faz primeiro, mas de quem melhor divulga o feito. Ícaros à parte, continuamos sonhando alto em prosa e trova e registro uma dedicada a este mês de santos juninos que se encerra: Pedro e Antonio são de fé, / os folguedos do João, / mas, pra mim, boa mesmo é / a cachaça do quentão!

Sem repetir a ladainha de citar as efemérides da semana, que sempre estão em alta no site sobre filatelia do colega Acadêmico José Antonio Bittencourt Ferraz (https://lorenafilatelia.blogspot.com/), registro apenas que a Escola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Prado - ETECAP -, em que me formei Técnico em Química, está completando 60 anos. Há algo de saudosista com a lembrança, pois foi ali que iniciei estudos que moldaram minha carreira profissional. Foi ali que aprendi a gostar da Química com a professora Sandra Franchetti. Passando em frente ao prédio da escola, nos Amarais em Campinas, voltam as lembranças do aprendizado e vivências. Também não esqueço a revolta da minissaia promovida pelas meninas depois de uma delas ser impedida de adentrar o laboratório por estar usando trajes inadequados, segundo o diretor da época. Sem redes sociais, de um dia para outro, todos nos organizamos para protestar, forçando uma reunião no auditório para esclarecer a situação. É história agora. Tal qual a homenagem ao Historiador e amigo Fernando Antônio Abrahão, que foi merecida e devida. A creche recém inaugurada no Parque Floresta, também em Campinas, passa a ter seu nome. Elevamo-nos um pouco quando reconhecimentos acontecem, ainda que após o falecimento da ilustre pessoa.