Perspectivas

São os dias finais de novembro e parece que a primavera resolveu começar. Bem, não dá mais para esperar estações do ano nos moldes em que vivíamos há uma, duas décadas. O mundo esquentou e o novo normal deveria ser mais prazeroso para nós brasileiros, acostumados que estamos com o calor, comparando com os europeus. Mas o uso mais frequente do ar condicionado e do ventilador está fazendo com que picos de energia sejam mais intensos, acompanhando a incidência de eventos climáticos extremos. Tudo correlacionado, diria o estatístico que olha para os dados e a tragédia salta feito aqueles desenhos do livro "Olho mágico", em que víamos autoestereogramas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoestereograma), as imagens em três dimensões que se formam quando desfocamos o olhar para um ponto focal atrás da folha de papel. Foi uma febre antes da virada do milênio. Nem todos enxergavam as imagens, e era frustrante para quem não conseguia ver ou dava enjoo em muita gente ao ficar prostrada à frente do livro, forçando o olhar. Curioso que minha memória informa que essas imagens eram prática comum de crianças e jovens da Coreia, para o que não encontrei qualquer referência.

A memória ou a falta dela ilustra qual perspectiva que se tem da vida e das coisas. Dependendo da distância, o mundo é uma linda esfera azul ou uma massa cinza, suja e disforme. Se a régua é o tempo histórico, as possibilidades vão se ampliando. A guerra na Palestina - a atual - mostra que a justificativa de ocupação calha para um lado ou outro dependendo de quando foi tirado o retrato, de quando o mapa "histórico" foi feito. Africanos que todos somos, falar de ocupação há mil, 2 mil ou 6 mil anos não deveria ter diferenças significativas. Já escrevi alhures que basta um novo conflito para que desse nos esqueçamos rapidamente, como está sendo o da guerra na Ucrânia. Tirando os que estão diretamente envolvidos nos conflitos - e não são apenas esses dois, que fique claro -, não nos interessamos mais por eles, nem os meios de comunicação estão dispostos a dar detalhes do desenrolar dos acontecimentos. É mórbida nossa natureza bélica.

De minha parte, e devido à proximidade da data, estou planejando como será o Carnaval. Sim, é dessa data que falo e não daquela outra que com ela rima. O Carnaval já é daqui a três meses e poderei estar festejando mudanças de rumo ou lamentando permanecer no mesmo rumo. As perspectivas não são tão ruins, mas o prazo é curto e a tarefa, grande. Fevereiro de 2024 coincide com a data da próxima doação de sangue e cabe lembrar que neste sábado é o Dia Nacional do Doador de Sangue. Fiz minha doação hoje no Hemocentro da Unicamp e divulguei a foto pelas redes sociais. Essas são sempre as mais curtidas, em comparação com as que divulgo artigos de opinião publicados. A cara abatida é devido ao momento ruim de capturar uma imagem com a mão esquerda, a mais podre das duas. O dia festivo coincide com sarau poético de manhã, na Biblioteca Municipal de Campinas, e reuniões das instituições culturais à tarde: Academia Campineira de Letras e Artes e Academia de Letras de Lorena. Momentos de doação e de absorção de cultura para aliviar tensões.

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