Dia de todos os sintos

O dia de todos os santos antecede o de todos os sintos. Sinto tristeza, sinto ausência, sinto luto. O dia é longo para reflexões, mas curto para escrevivências permanentes. Então a postagem é reduzida, em meio de feriado com poucos leitores, porém marcando a data, datando a marca. No Diário do Rio Claro escrevi um pouco mais sobre vida e morte, morte e vida, considerações que não repito aqui por ser de fácil acesso nos meios cibernéticos: https://www.j1diario.com.br/edicao-de-02-de-novembro-de-2023/. Apenas reafirmo que a morte não devia ser tão trágica e triste como culturalmente a vivenciamos. Um paradoxo da vida.

No sábado passado pude falar de Lima Barreto na Academia Campineira de Letras e Artes, cronista que foi e cuja obra é marcada pelo uso de pseudônimos. Destaquei também a coincidência do escritor, que vivia no Bairro de Todos os Santos, morrer no dia de Todos os Santos, em primeiro de novembro de 1922. A tristeza de sua morte rondou a família, pois, no velório ocorrido em 2 de novembro, seu pai passa mal e morre no dia seguinte. Lima Barreto foi amanuense, um escriturário daqueles tempos, que não escondia o descontentamento com a profissão de funcionário público. Outra coincidência foi a minha apresentação se dar no dia do Funcionalismo Público, 28 de outubro. Um resumo daquelas considerações será publicado no Correio Popular, veículo jornalístico que ainda resiste em Campinas.

Naquele mesmo sábado pela manhã houve o sarau poético na Biblioteca Municipal, conhecido como o Sarau do Batata, mesmo ele não gostando de atrelar o evento cultural a seu nome. Sim, nome raiz - ou tubérculo, diriam os mais exigentes e corretos. Senti muito que uma certa indisposição aconteceu quanto a falas sobre racismo, mas a poesia triunfou. Li alguns textos de Ana Cristina Cesar. Nos grandes jornais foi publicada uma matéria acerca do documentário sobre a acadêmica Heloísa Teixeira, recém empossada na Academia Brasileira de Letras, e passou desapercebido que a publicação coincidiu com o dia dos 40 anos da morte/suicídio de Ana Cristina César, uma das poetisas da geração mimeógrafo, resgatada e publicada pela agora imortal. A revelação do feminino/feminismo por seu corpo é uma das buscas de Ana Cristina César em sua curta porém intensa produção poética. Sentimos que tenha abreviado a vida tão cedo.

Comentários

  1. Convivi muito com a poesia de Ana Cristina Cesar

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  2. Excelente, como sempre 📚

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  3. Lúcia Narbot Ermetice3 de novembro de 2023 às 09:41

    Gostaria muito de ler seu texto sobre Lima Barreto.

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  4. Aos que creem e aos que não creem, a morte traz sempre perplexidade. Só atenuada pela firme vivência do momento presente. Um bom texto, como o seu, Adilson, já ajuda muito! (Paulo S. Viana)

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