Conhecimento bem próximo

Eu não conseguiria fazer o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e outras provas de ingresso para as universidades públicas que estão sendo aplicadas nestes dias. Não pela dificuldade das provas bem elaboradas, mas por não ter estudado boa parte das Humanidades ali contida, deprovido de tal prazer e necessidade durante a ditadura militar. Talvez tivesse desempenho razoável pelo conhecimento acumulado ao longo do tempo, mas falta-me a base de aprendizagem. O único vestibular que prestei foi há quase 40 anos! Acho admirável que os estudantes tenham aulas de Sociologia, Filosofia, além de História e Geografia. Disciplinas de forma contextualizada e crítica, com o objetivo de aprendizado e formação integral, nada parecido com a decoreba sem sentido de "educação moral e cívica" e "organização social e política brasileira". Além da nova abordagem nas Linguagens e Ciências da Natureza, com maior interconexão entre elas. Ler o mundo não é simplesmente olhar palavras impressas em uma folha de papel. Estudar é desafiador, é árduo, é necessário, é prazeroso.

O conhecimento básico é a exigência para adentrar um curso superior e a escolha não é simples, haja vista a enorme gama de possibilidades. Depois de entender a vocação, é necessário verificar a qualidade da instituição em que se pretende matricular. Qualidade que não é um valor absoluto, pois há diversas formas de avaliá-la. Novamente são as universidades públicas que dominam o ranking feito pela Folha de S. Paulo (RUF), uma avaliação que combina qualidade do ensino, pesquisa, extensão, inserção no mercado de trabalho, dedicação e formação dos docentes, dentre outros parâmetros. Fica explicado por que as universidades públicas são diuturnamente atacadas pela indústria de diplomas. E vejam que o ensino a distância está longe das instituições de excelência - isso é um dos resultados que o ranking mostra. São nessas instituições com qualidade que querem estudar os jovens que fazem o ENEM e os demais vestibulares mais concorridos. Infelizmente, o distanciamento do ensino por meio de estratégias para aumentar o número de acessos, com diminuição de professores, esconde a qualidade pretendida. Quantidade não anda junto com a qualidade.

Tudo pode ser estudado, até a ficção disfarçada de ciência. Tomei contato com o termo "direito quântico" e a surpresa não foi o mau uso do qualificativo, mas que ele já é usado desde os anos 1970. Meio século de confusão científica para expressar um conceito que seria melhor rotulado de direito dual ou dualístico, em que o princípio a ser defendido não está explicitamente escrito nas leis, mas é reconhecido que deva ser defendido. Penso que tenho de plasmar algum termo impactante que pretensamente signifique algo e seja uma marca minha para a posteridade. Fixei o adjetivo quântico na minha busca e noto que há uma infinidade de bobagens já designada. Leva o quântico no nome, com a devida flexão de gênero e número: cura, coach, crime, médico, tratamento, energia, ... Mas agiotagem e agiota quântico não encontrei. Vou propor a forma de auferir lucros emprestando dinheiro quando não sabe se ele volta ou não (princípio da dúvida ou dual) e que para sair de um nível de crédito para outro somente com um "salto quântico" no pagamento das parcelas da dívida. Já estou ficando convencido de que a agiotagem quântica é o futuro do empréstimo pessoal, ainda mais se os valores forem calculados com a ajuda de inteligência artificial.

Comentários

  1. Concordo. Se eu prestasse vestibular agora, seria reprovada.
    Ainda bem que passei no vestibular mapofei, naquela época, há 52 anos atrás 😁😁

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  2. As mudanças são muito rápidas e radicais.

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  3. Ótimos parágrafos! Boas reflexões!
    Parabéns!
    Magda Helena

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