Histórias quentes

O aumento da criminalidade no país e, em especial, no Rio de Janeiro criou uma indústria de produtos e serviços que se estende por vários setores. Junto à proliferação de cursos universitários de baixa qualidade, os chefes do crime organizado passaram a unir o inútil ao desagradável, pagando para seus membros fazerem cursos específicos e de interesse na condução daqueles negócios. O bacharelado em direito era o principal objetivo para que fossem formados advogados para defender os criminosos pelos tribunais do país, sem contar a possibilidade de tais bacharéis também adentrarem a magistratura e virarem juízes. Confesso que vi a possibilidade como alarde e não acompanhei desdobramentos. Há muita gente que estuda a dinâmica social e creio que o eventual sucesso da iniciativa foi avaliado. A expressão "advogado de porta de cadeia" passa a ter selo de qualidade. Não é impossível subverter os princípios da sociedade, distorcendo-os e invertendo significados. A História é outra vítima constante em que conceitos básicos são deturpados pelos que são formados nessa disciplina e passam a avocar um lugar de fala para misturar e confundir, um princípio de ação de extremistas de direita. A estratégia é estudar a História para negá-la.

Ao longo da semana, que encerrou o inverno mais quente do calendário e fez iniciar a primavera também calorosa, passamos por duas efemérides coincidentes, com seu devido registro e formando contrapontos com outros acontecimentos. Antes do Dia Nacional do Teatro, em 19 de setembro, a Academia de Letras de Lorena recebeu no sábado precedente um presente do dramaturgo e também Acadêmico Caio de Andrade para a realização de sua reunião mensal. Foi exibida a peça Tripartida, interligando textos de Lima Barreto, Machado de Assis e João do Rio (http://www.caiodeandrade.com.br/tripartida-2019/). Excelente interpretação, recepção calorosa e acolhedora no Teatrim, o espaço em Lorena transformado pelo Caio para sua vivência no palco. Eu havia revelado que tenho um caso de longa data com Lima Barreto e o Caio de Andrade disse que me divertiria com a interpretação do texto escolhido, O pecado, publicado em 1924 na Revista Souza Cruz, postumamente, portanto, uma vez que Lima morreu em 1922 (https://pt.wikisource.org/wiki/O_pecado_(Lima_Barreto)).

No mesmo dia foi aniversário de Paulo Freire. Sim, educação como contraponto àqueles falseadores da História e do Direito, ilustrado por dois artigos de opinião: https://www.brasil247.com/blog/o-neofascismo-pelo-vies-da-economia-e-da-educacaohttps://port.pravda.ru/cplp/58251-reflexoes_educacao/. Para o tempo vindouro a partir do aniversário do Patrono da Educação, haverá neste sábado, 23, reunião na Casa de Vidro com palestra da historiadora e professora da PUC-Campinas, Juliana Meireles, “Da margem ao centro: a independência do Brasil em perspectiva (Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro)”, encerrando a exposição "Memórias do Império" naquele espaço museológico. Ao evento foi incorporada a reunião do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (IHGGC) (https://correio.rac.com.br/entretenimento/exposic-o-memorias-do-imperio-termina-com-palestra-sobre-independencia-do-brasil-1.1422224). Agradecimentos a Adriana Barão, que viabilizou a participação do IHGGC. Para encerrar o dia cultural, à tarde haverá encontro da Base Estelar de Campinas com palestras e eventos sobre inteligência artificial (https://campinas.com.br/agenda/convencao-de-ficcao-cientifica-promovida-pela-base-estelar-campinas-discute-inteligencia-artificial/).

Comentários

  1. Sinceramente não consegui entender o seu primeiro parágrafo.

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  2. Estranhei o comentário anterior, pois o primeiro parágrafo desta crônica me parece suficientemente bem elaborado.
    Talvez seja devido a algum anteparo ideológico do próprio leitor, que tenha prejudicado o seu entendimento mais imparcial.
    Labirintos da mente. Mentem?...

    Uma das características destes textos reunidos neste blog, me parece ser o estímulo a que cada um considere, reconsidere um mosaico de acontecimentos e questões culturais, sociais; acenando de modo inteligente e dinâmico com pontos de exclamação, interrogação e reticências explícitos e implícitos.

    Textos que demandam do leitor que interprete e reinterprete o cotidiano, prática cada vez mais necessária nestes nossos tempos de pouca reflexão, pouca atenção, muita pressa e superficialidade...

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