Quentes e menosprezadas

Por estes dias, a única manifestação inspiradora são estes parágrafos. Por menos ideias que surjam, dois parágrafos não acomodam o todo a ser dito. Os da semana passada, concordo, foram uma reverberação de outras ideias, preteridas por órgãos de imprensa, transpostos de cartas a parágrafos. Funcionou. Ideias que nem sempre são aceitas, o que é corriqueiro no devido debate, mas que também sequer são ouvidas ou consideradas. São desprezadas. No calor de uma discussão, o editor pode não publicar tudo o que a ele chega, humano e defeituoso que também é. Por outro lado, um artigo enviado para um site que quase tudo publica foi repetido em jornal de Sergipe, tratando da crítica que é feita a servidores públicos, mesclando com as recentes mudanças havidas na política de cotas: https://jornaldodiase.com.br/servidor-publico-e-a-politica-de-cotas/. Muitos outros escritores estão no mundo virtual e passei a acompanhar este blog de Hilda Milk com bons textos para leitura: https://escritoressemfronteiras2.blogspot.com/.

O calor invernal virou infernal, para os que acreditam que possa haver uma estrutura bíblica ou dantesca, paralela e rival daquela paradisíaca, em que a termodinâmica tem dificuldades para explicar. Sim, se é um lugar bem quente, a energia para alimentá-lo vem de algum lugar. No nosso mundo terreno, real e único, a energia principal vem do sol. No inferno, seria o astro-rei que também o aqueceria? Ou algum outro tipo de geotermismo, que teria outra definição por não mais ser na terra? Colasiotermia seria um bom neologismo. Dúvidas filosóficas para quem em divindades acredita, uma preocupação a menos para mim. Não que sejam desprezadas, porque todo conhecimento é cultural, desde que usado dentro de suas limitações. O aquecimento global, potencializado pelo El Niño, está causando este inverno descaracterizado e é uma questão científica bem estudada. As mudanças climáticas estão aí, vivas e flamejantes. Para complementar esta reflexão, um comentário sobre uma particularidade da ciência foi publicada alhures: https://sampi.net.br/piracicaba/noticias/2782640/articulistas/2023/08/sem-bobagens-a-devida-ciencia.

Ontem houve alguma chuva antecipada na região de Campinas, diminuindo a sensação de que se vai morrer de tanto calor e secura. Mas não é de morte que se quer falar, ainda que ela seja usada como marca de lembranças. Já disse que este blog não é um necrológio, mas tenho de comentar a crítica feita ao jornal Folha de S. Paulo por esses dias em que falecimentos de famosas do sexo feminino foram noticiadas de forma desrespeitosa, destacando passagens não essenciais de suas vidas em títulos e reportagens (um vício aqui, uma doença ali, outro acidente acolá). Interessante que apenas mulheres são as vítimas, uma vez que, quando homens são os falecidos, tais distorções não acontecem. Os próprios articulistas do jornal se questionam "como seria sua morte na Folha", sumarizando os atentados recentes que o jornal fez em necrológios de famosas, ironizando um ou outro fato pitoresco da própria existência do autor. Mulheres, apenas elas, são as maiores vítimas, quase uma paródia feminina do livro A morte e a morte de Quincas Berro D´Água. Estão matando as palavras literalmente, e as pessoas, misoginicamente.

Comentários

  1. Sim, estão matando, continuam, e isto é triste. Tão tristes quanto as notícias desrespeitosas com a vida pessoal das mulheres em geral. As notícias se tornam mexericos mesquinhos. Vimos muito isso quando criticavam a Presidenta Dilma __ os adesivos de carro com imagens de agressão sexual. Que outro ex-presidente ou político passou por vexame semelhante? As mulheres são diminuídas, sim. Gostei do calor da reflexão e do texto!

    ResponderExcluir
  2. Sempre interessantes e informativos os seus parágrafos, pois, embora curtos, levam o leitor a refletir sobre os temas tratados. Apenas, um comentário: A mulher, embora carregue em si a capacidade de ajudar a formar um novo ser e a ele abrigar, até que nasça, ainda não tem merecido o devido respeito de muitos daqueles, que dela precisaram até para... nascer!!!
    Maria Felim

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados