Correspondências

O preparo para a postagem começou no Dia do Selo, início de agosto, que motivou uma tentativa de trova que não deu muito certo. Fiquei, então, com o poema na forma de versos livres, publicados no Facebook: Agosto inicia pelo Dia do Selo, / que há muito tempo não lhe dão valor, / mas gostaria ainda de vê-lo / estampando uma carta de amor. Devo fazer a ressalva ao adjetivo livre, pois um verso será sempre prisioneiro da angústia do poeta, fingidor ou não. O poeta fingidor é o mais honesto dos confidentes. Mas em mundo eivado de falsidades, constato que algumas mentiras correspondem aos fatos, outras datas correspondem à vida. Descubro que o Jornal da Cidade Bauru tem a mesma idade minha e pude tecer umas linhas em agradecimento ao espaço que lá me é concedido (https://sampi.net.br/bauru/noticias/2778106/articulistas/2023/08/o-oasis-do-jornal-da-cidade). E o site Chumbo Gordo, da Marli Gonçalves, abriu espaço para minha primeira publicação: https://www.chumbogordo.com.br/432016-guerra-na-paz-por-adilson-roberto-goncalves/. Palavra crua, pouco poética.

Adoro ler no silêncio da minha introspecção. Ao saber dos clubes de leitura modernos, traduzidos como 'sprints', em que o leitor fica lendo seu livro à frente de uma câmara para seus seguidores, vejo que o jovem busca espaços novos para se dedicar a uma das mais velhas formas de adquirir conhecimento. Que assim seja uma das formas de sobrevivência do livro impresso, mesmo achando estranho ficar à frente de uma câmara lendo em silêncio. Celebridades têm descoberto a literatura como forma de tornarem-se mais 'curtidas' e montado clubes de leitura físicos e virtuais em que motivam seus seguidores a acompanhá-las nas jornadas da imaginação e do conhecimento. Torno-me repetitivo na defesa de livros e suas leituras. Sim, umas não necessariamente correspondem aos outros. Quantos livros são abandonados em prateleiras e quantas leituras veem de outras fontes? Com a assustadora decisão de abandono dos livros escolares em terra bandeirante, vejo a semelhança com sua queima em fogueiras. Dez anos atrás queimava-se a coerência política nas ruas (https://www.brasil247.com/blog/o-preco-das-fogueiras-de-2013-aaxjysxi). O que mais virá da combustão das ideias?

Gramática é dar a devida correspondência entre si aos elementos da frase, da oração. Quando se aprende outra língua, a primeira descoberta é que pouco se sabe da gramática da própria língua nativa. Eu não posso reclamar da D. Nivaldete e do S. Modesto, meus professores de Língua Portuguesa no antigo Primeiro Grau, que deram a base para eu, pelo menos, entender o quanto preciso ler mais para escrever adequadamente. Aprendemos a falar por imitação e, aos poucos, fazemos correspondências com a realidade e com a forma com que os outros se comunicam. A linguagem estruturada vai se moldando e a escrita tem suas barreiras e também se dá pela imitação. Dizer que o português é difícil pode ser apenas um sinal de que não se aprendeu a fundo outra língua, que também é complexa nos fundamentos. Nos aspectos formais, sei mais alemão do que inglês, mas é na língua de Shakespeare que temos de nos virar no mundo globalizado e científico. Inglês é a língua da ciência moderna. E foi em inglês que Einstein escreveu para o presidente norte-americano Franklin Roosevelt em 2 de agosto de 1939 alertando sobre a possibilidade de uma arma nuclear. Em tempos de explosivas memórias, vale a pena ler aquela missiva (https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_Einstein%E2%80%93Szil%C3%A1rd).

Comentários

  1. Ler e escrever atenuam a solidão.

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  2. Ler e escrever atenuam a solidão.(PSViana)

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  3. As correspondências aparecem tecendo linhas escritas com a matéria dos dias...
    Tomara que os estudantes paulistas encontrem professores e amigos atentos e que lhes mostrem o valor de se ter acesso a livros, neste quadriênio que se anuncia desértico...

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    1. As correspondências aparecem tecendo linhas escritas com a matéria dos dias...
      Tomara que os estudantes paulistas encontrem professores e amigos atentos e que lhes mostrem o valor de se ter acesso a livros, neste quadriênio que se anuncia desértico...
      ( faltou eu me identificar no comentário acima, me distraí... desculpe, mas não é possível editar comentários postados como 'anônimo'...)

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