Inverno quente

Está bem frio. O inverno começa oficialmente hoje e a previsão é que não será tão frio e seco em função do El Niño. A meteorologia evoluiu muito, mas as mudanças climáticas provocadas por nós dão um nó nos programas computacionais que ela utiliza. As previsões, confirmadas ou não, alimentam novos softwares para seu aprimoramento. Acaba por ser uma boa previsora do passado, tal como a economia, que de ciência tem muito pouco. Na verdade, hoje é o dia em que chegamos ao solstício, correspondente aqui no lado meridional do planeta ao dia mais curto do ano. O sol chega ao máximo de descolamento de nascimento, que está deslocado para o norte, e começa a nascer mais ao sul, movimento lento nos céus e horizontes, mas perceptível e registrado há milênios pelas civilizações que nos precederam. A astronomia é, talvez, a mais antiga das ciências de base empírica.

Em noite limpa e clara, vejo um avião passando pelo Cruzeiro do Sul, quase no zênite da abóbada celeste. Aproveitei para refletir que aprender de forma completa e correta é diferente do conhecimento que absorvemos por meio do senso comum. A cruz formada pelas quatro estrelas - na verdade, cinco, uma sendo chamada de intrometida - teria o sul geográfico na ponta inferior. Na verdade, é necessário fazer uma triangulação, usando as duas estrelas bem próximas e muito brilhantes ao Cruzeiro, que são as chamadas alfa e beta da constelação do Centauro. Faz-se uma linha reta com elas e traça-se uma perpendicular que deve ser prolongada até encontrar com a linha do eixo maior ou principal da cruz, dali traça-se um linha direta ao solo e lá será o sul. Um pouco mais complicado e além do estabelecido pela simples observação do Cruzeiro do Sul. Astronomia e matemática aplicadas, podemos dizer. #IniCiencias

Os próximos dias também serão quentes pelos acontecimentos políticos aos quais tanto aguardamos, com julgamentos e sabatinas. Sem contar a redundância (minha, que fique claro) pelo Dia do Químico e aniversário da morte de Saramago, todos na mesma data. Machado de Assis nasceu num 21 de junho e uma pergunta inevitável é se algum inédito seu foi descoberto hoje. Produtivo que foi, escreveu muito mais que seus clássicos romances, enriquecendo a imprensa de sua época com crônicas diárias em vários veículos, mas, em muitos deles, sob pseudônimo que não revelou explicitamente. Vão os incansáveis pesquisadores fazer a busca, comparar escritos e concluir se são ou não de autoria do Bruxo do Cosme Velho. Adentrei essa seara também, não apenas com Lima Barreto, e vi que ao lado de escritos estabelecidos há outros de semelhante tom. Seriam de Machado? Por fim, para aquecer a cultura, neste fim de semana (24/6, 15h30), a Academia Campineira de Letras e Artes exibirá o filme Madame Bovary, versão em francês de 1991, dirigido por Claude Chabrol, segundo o anúncio.

Comentários

  1. Parabéns pela escrita muito bem elaborada e gostosa.

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  2. Tudo sempre quente e nem sempre agradável neste país. Mas, para previsão meteorológica, sinto falta é do joelho de minha mãe: infalível!

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  3. Boletim com ótimos comentários e informações.

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  4. Que beleza de textos! Informativos, interessantes e escritos de uma maneira elegante, português impecável e
    ... gostosos de ler. Parabéns Adilson!
    Maria Felim

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  5. Obrigado, meu caro amigo Adilson. Esses parágrafos sempre nos enriquecem. Gratidão.

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  6. Você tem aquela boa escrita cuja qualidade é muito superior a de muitos cronistas que ocupam o espaço de alguns jornais que eu costumo ler. Parabéns, caro Adilson!

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  7. Inverno época de frio e ar seco aparecendo as gripes e parece que esse ano será pior! Quanto a Machado de Assis em nenhuma de suas obras ele fala na natureza , pois não a apreciava ! Sábado ACLA com Madame Bovary!

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