Ambiente para prosa

É, o aniversário foi na correria, sem registro fotográfico, e a mensagem que deixei nas redes sociais em agradecimento era para lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Completar mais uma volta ao redor do Sol dá-me mais um ano de juventude, assim quero crer, mas o meio em que vivemos clama por sobrevivência. Pouco a comemorar, portanto, mas não podemos nos esquecer de que há um dia, uma semana, um mês em especial para refletir sobre ações que possam e devam ser feitas, no âmbito pessoal e na vida social, para a preservação de nosso espaço vital, do mundo verde e azul que conhecemos. Publiquei algumas reflexões nos jornais do interior paulista em que tenho espaço (Correio Popular, Jornal Cidade de Rio Claro e Diário do Rio Claro) e, como sempre, os textos foram reproduzidos em minha conta no Facebook (https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/). O ambiente somos nós, atados e desatados.

Fiquei de prosa com um consumidor na fila do supermercado. Buscávamos a promoção do queijo fatiado. Eu pedi quinhentos gramas, ele tornou a palavra feminina e foi nas trezentas mesmo. O papo foi encerrado logo depois que fiz meu pedido, talvez por constrangimento dele na correção ou por falta de assunto. Não que haja uma perfeição de fala que deva ser alcançada, mas causa-me enorme estranheza o grama, unidade de massa, ser muitas vezes tratado como a grama do jardim. Tudo bem que essa, verdinha, é cada vez menos abundante nos espaços urbanos, substituída pelo duro concreto e árduo asfalto. Mas o peso da palavra é enorme, com o devido trocadilho para quem não percebeu, pois não é peso a massa que medimos. O peso somente será sentido se houver alguma força aplicada sobre a massa, a gravidade, por exemplo. Quando o piadista diz que irá levar a balança para a Lua porque lá estará muito mais magro, incorre nessa confusão. A massa é uma constante, independe de onde for medida. A Revista Pesquisa Fapesp é um dos principais veículos de divulgação científica e, na edição do mês passado, a Diretora de Redação Alexandra Ozorio de Almeida faz uma boa conexão entre as matérias sobre os limites do álcool e a sensação biológica de grandezas físicas, dentre outros assuntos (https://revistapesquisa.fapesp.br/pesos-e-medidas/). Porém, o título chamou a atenção, uma vez que peso é também uma medida, além de a palavra peso ser erroneamente usada no lugar de massa.

Boa prosa também aconteceu com os leitores do blog. Paulo Viana faz pergunta complicada para responder, se seria mais difícil interpretar sonhos ou a política brasiliana. Os sonhos, por mais fantásticos que sejam, têm alguma explicação na realidade e na lógica. Já a política... Com a trovadora Maria Cristina de Oliveira, a conversa foi acerca da concordância quanto à pressão dos prazos. Um bom dedo de prosa e não de prazo é o que queremos, se acompanhado por um vinho, petiscos e aconchego no sofá, melhor ainda. De outras vezes, a interlocução foi pela defesa dos animais, felinos ou caninos que sejam, mesmo que cheios de vontade própria. Fiquei apenas intrigado quanto à notória diferença: ao citar gatos, houve dez comentários, incluindo um haicai de Clarice Villac; na postagem sobre a cachorra, apenas um. Estamos trocando "o melhor amigo do homem" pelo "indiscutível amigo de si próprio"? Convivo com representantes de ambos, cães e gatos, e fica aqui o ambiente para outras prosas a fim de responder à questão.

Comentários

  1. Fico encantada no modo como você encadeia três assuntos distintos e nós, seus leitores, não percebemos solução de continuidade! Isso sim é alquimia!

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  2. Muito boa proposta de prosa. “Grama é macho”, dizia um velho amigo, enquanto aparava a grama do jardim… E gatos também podem ser sentimentais. Enfim, com prosa e verso, há muito reverso dessa moeda.. (PSViana)

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  3. Parabéns professor e mestre!

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