Que seja a arte!

O estímulo à escrita vem dos conflitos internos. Apaziguados, parece que faltam assunto e palavras para preencher crônicas, antes frenéticas. Os artigos políticos, que eram quinquídios, já não surgem há uma quinzena. Um bom sinal, haja vista que eram todos críticos e denunciavam o pior por vir. Tempo para tratar de reflexões mais prazerosas da sociedade em que vivemos, mesmo com focos de fanatismo espalhados e pulverizados por aí. Atrapalham o tráfego, no máximo, já que a lei parece não atingir os que praticam tais atos criminosos nem os que os financiam. Nesse âmbito do prazer existencial, o jornal local dedicou espaço para artigos dos professores Maria Eugênia Castanho e Sérgio Castanho, casal com vida integralmente dedicada à educação e à cultura. Com a devida vênia a ambos, pude tecer comentários sobre esses textos que chamei de resgates. Sim, nos próximos meses teremos a refundação das políticas culturais no país e estaremos atentos a contribuir, na verdade, a voltar a contribuir de forma mais articulada com projetos e ações.

Que sejam, pois, a cultura e a arte o mote da crônica. Naquele mesmo veículo da imprensa campineira, diariamente são apresentados os eventos que voltaram à cena urbana. Os deslocamentos pessoais e profissionais já não permitem acompanhar tudo, tal como fazia nos tempos de estudante... (ah, como é bom nossos jovens saberem a dimensão completa da oportunidade única que possuem de... serem jovens!). Mas ficam alguns registros. A Associação Brasileira "Carlos Gomes" de Artistas Líricos, em Campinas (ABAL), mantendo sua tradição de apresentações semanais, fará o encontro musical "Uma noite na ópera" na sexta-feira, dia 11 (conferir na página da ABAL: https://pt-br.facebook.com/abalcampinas/). A Academia Campineira de Letras e Artes promove apresentação de recital de Eudóxia de Barros no próximo sábado, 12 de novembro, em sua sede (https://www.facebook.com/Acla.Campinas). Em face também dos inúmeros aniversários familiares do mês, a agenda está estreita para tantos compromissos.

Mas também a ausência a cada perda nos traz lembranças. Na família, acaba por ser momento de reencontros e voltei à terra natal para mais uma despedida. Na sociedade, são momentos de relembranças e releituras. Morreu Gal Costa aos 77 anos. Uma sempre jovem cantora, com talento na voz, especialmente nos agudos. Ela acompanhando a guitarra nas notas mais agudas na música Meu nome é Gal está registrado em meus ouvidos até agora, em volume mais intenso devido à notícia de sua morte. A versão de Filosofia pura, cantada com Maria Bethânia, é um icône para os amantes da educação e citei o trecho em meu Transformações na Terra das Goiabeiras (p. 313): "quanto mais a gente ensina, mais aprende o que ensinou" (a música pode ser ouvida aqui:  https://www.youtube.com/watch?v=ivdFiULx7o0). Mal terminava de escrever sobre Gal, vem a notícia da morte de Rolando Boldrin. Ele juntamente com Inezita Barroso eram os ícones que faziam a distinção entre a música caipira - aquela da cultura raiz - e o sertanejo. Que dia!

Comentários

  1. Realmente um dia de triteza.
    Gal Costa, além de boa cantora, era uma mulher educada, elegante no nos figurinos e no trato as pessoas.
    Rolando Bondrin era como visinho do lado .

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  2. " O estímulo à escrita vem dos conflitos internos." Muito pontual e verdadeiro nesta frase, alias todo seu texto é de excelente conteúdo. Como sempre, parabéns!

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