Começando ideias

No fim de semana passado realizamos a exitosa reunião do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, em que praticamente foi dada minha posse na presidência daquela instituição. A brilhante palestra da Arilda Ribeiro acerca do período imperial em Campinas, e o desenvolvimento dali decorrido, foi acompanhado por cativa plateia que também pôde compartilhar dúvidas e sugestões sobre as ilustrações, fatos e peculiaridades apresentados. Um registro mais detalhado da reunião foi encaminhado para a imprensa local. Afinal de contas, a História do próprio Instituto precisa ser documentada. Faremos uma edição da Revista do Instituto em abril de 2023, mantendo o blog, que possui um acesso numeroso, com postagens quinzenais. Estão no radar a elaboração de um Dicionário Histórico de Campinas e a participação nas comemorações dos 250 anos do município em 2024. Há um bom e rico trabalho em curso, portanto, cheio de ideias. Precisamos de empenho e comprometimento para dar conta. Naquele mesmo dia, à tarde, falei novamente sobre Lima Barreto, procurando não deixar sem registro, pela Academia, o mês da negritude e o centenário de morte do escritor.

A data da publicação saiu novembro apenas para aproveitar a última quarta-feira do mês, pois é no início de dezembro que o texto se completou. Ideias são fluidas e contínuas, fixamos um momento para nos lembrar de que precisamos entendê-las antes de seguir. A decisão para encaixá-las desta vez foi demorada. Primeiro, fui me lembrar da primeira vez em que armazenei um dado analógico, na forma de uma fita cassete gravada. Depois, a primeira gravação digital, se considerar os disquetes da Nashua que se vendiam em caixas de 10 unidades e uma delas, quase sempre, estava "bichada", ou seja, não podia ser usada porque não permitia formatação nem gravação. A base do armazenamento era o óxido de ferro magnético e alguma coisa acontecia para destruir o exemplar presenteado. Mais tarde vieram os discos ópticos, e o CD foi uma revolução. A cada vez, mais informação era colocada em menores espaços. Pendrive tive e tenho vários, até ganhei um azul de uma aluna que fez um estágio na França. São antigos os artigos acerca dos contrastes entre diferentes formas de armazenar e transportar informação, longe de repeti-los. O curioso, agora, é a atualização do conceito das pernas curtas da mentira.

Ideias começam a tomar forma de projetos que poderão ser executados. A época não ajuda, já que adentramos dezembro, o mais terrível dos meses, em que se quer resolver todas as questões do ano inteiro, sem contar que é o mês mais curto, com cerca de 20 dias. A depender da vontade, muita palavra será estampada em grafite sobre celulose nos próximos meses. Será, primeiramente, confrontada com o dilema digital-digital, ou seja, os dedos vagando por teclas dispararão circuitos para que o digital da máquina registre a letra, o símbolo. De base 2 ou na ponta dos dedos, o vocábulo é o mesmo. Digitando, as ideias se fixam, se não no carbono, ao mesmo no silício. O químico que me habita já alerta que são muitos outros metais e semimetais usados nos componentes eletrônicos. Mas o latim deturpado ainda registra in silico para a simulação computacional e o in vitro para o pétreo, mineral, comum a tudo que existe. E para não dizer que não falei ainda mais de livros, em 2 de dezembro são comemorados os 120 anos da primeira edição de Os Sertões, de Euclydes da Cunha. Uma matéria interessante pode ser lida no site da BBC: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63820746. As ideias precisam ser, antes de tudo, fortes.

Comentários

  1. Três parágrafos que nos informam e nos faz lembrar e pensar. Parabéns Adilson

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  2. Adilson, parabéns pela posse. E que todas as ideias se concretizem. Sucesso a todos.

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  3. Parabéns pela posse nobre colega! Felizmente as Academias, Institutos e outras entidades contribuem para que nossa cultura nunca morra e são espaços de reflexão, valorização e fomento literário, muito importantes para a nossa sociedade, mas tão abalados nos últimos tempos.

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