Sobrevivências

Estão no plural, por serem múltiplas. O primeiro desafio é sobreviver a si mesmo. Dono de consciência ainda inexplicada pela bioquímica, valores e parâmetros são formulados para conduzir a própria vida. Ater-se a eles parece simples, mas justificá-los e saber quando alterá-los torna-se angustiante. As leituras de textos anteriormente redigidos revelam que posições e lados sempre foram assumidos, a falsa isenção não vingou. E houve mudanças, como deve acontecer em todo desenvolvimento do pensamento. A Biologia nos ensina que sobrevive o que se adapta. Sobrevivemos na materialidade de nossas consciências, portanto. As calorias vindas de carboidratos e lipídeos e os tijolos de construções celulares das proteínas se apresentam como elementos simples, por mais complexa que seja sua química. As sinapses de condução de ordens e desejos são energia elétrica e suas consequências... bem, as consequências são uma dessas barreiras para viver e sobreviver.

Entre velórios e festas de consagração ao sagrado na semana, a má política sobrevive porque há pessoas más. Descobrimos essa fração da população coabitando entre nós da pior forma possível: por meio do voto democrático e secreto. Os segredos antes restritos a mentes doentias são explicitados em cultos e curtos. Assusta-me sobreviver assim e constatar que os crentes seguem os insanos. As estatísticas querem entender que não seriam todos, que as denominações demoníacas não seriam maioria, mas, na prática, o que se vê é um desvario no púlpito a palpitar inocentes corações. A mistura entre poder e religião é nociva e foi separada na constituição. As leis querem se subverter à fé e, por isso, tento avaliar o que o parlamento brasileiro produz e o quanto estaria na direção equivocada dos vendilhões. Por meio de um texto analisei o estudo publicado originalmente na Folha de S. Paulo sobre a produtividade do Congresso Nacional, comentário que não foi acatado pelo jornal e, curiosamente, publicado duplamente no diário de minha cidade porque erraram da primeira vez, constando outro título e autor (https://port.pravda.ru/science/56677-esquerda_parlamento/).

Conversando com familiares e amigos é doce constatar que cada vez mais os fatos de passados longínquos são lembrados mais do que os do presente ou o daquilo que acabou de acontecer. Velhice é outro nome para tais reminiscências que continuam doces. Prova que houve história em nossas vidas, história que querem modificar ao bel prazer de uma narrativa falsa conduzida por interesses dos mais diversos. Melhor estudar para não cair em armadilhas e um professor é fundamental para iluminar o caminho do saber e do voto. O Dia dos Professores está por aí e lembro de dar os parabéns para todos nós, clamando para que não sejam tolhidos nossos desejos, sonhos e pensamentos. A escolha entre um professor e um preposto não deveria ser difícil na quinzena que se aproxima, bastando um pouquinho daquele conhecimento social e histórico que nos ensinaram. Se já é falho nas questões neurológicas, o pensamento subsiste, pois sobreviver se tornou ato de resistência.

Comentários

  1. Como que você chegou na conclusão de que um professor é fundamental para iluminar o caminho do saber e do voto? Será que estamos tão aparelhados!

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  2. Um dos sinais da velhice é justamente lembrar de episódios antigos e não lembrar do que aconteceu semana passada.

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  3. Professores e idosos compartilham experiências e sabedorias da pedagogia do vivido. Ambos respeitados em países probos. Parabéns pelas reflexões!

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