Alimentando o fim

Acabou! Última quarta-feira deste infindável mês. Quando entrar setembro... dirá o poeta que a boa nova entrará pelo campo. Tenho minhas dúvidas quanto à serenidade que possa vir nos próximos dias. Serão intensos e tensos, ainda mais com comemorações amargas - talvez sangrentas - que se avizinham. Por outro lado, setembro que começa é o mês dedicado a Carlos Gomes, o compositor magnânimo das Américas, nascido em Campinas. A programação foi divulgada pela prefeitura local e muitas atividades já estão em curso (https://portalcultura.campinas.sp.gov.br/2022-mes-carlos-gomes). O Correio Popular, jornal impresso de Campinas, também é aniversariante, completando 95 anos no próximo domingo, 4 de setembro, e a comemoração será com apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas na Concha Acústica do Parque Taquaral. Uma oportunidade para voltar aos concertos ao ar livre. É um veículo importante, que publica opiniões e reflexões culturais com certa diversidade, ainda que criticado quanto a uma ou outra linha política mais favorecida. Torna-se um alimento para o fim das ideias que insistem em grassar por mentes que pensam. 

Na tentativa de completar o blog, penso no quanto é válida a juntada de ideias díspares, talvez sem conexão aparente, para traçar uma tríade de parágrafos legíveis e digeríveis. Essa conexão estomacal entre o alimento e o sustento das sinapses cerebrais é conhecido e estabelecido - barriga vazia não pensa -, mas o exame de sangue diz outra coisa, que substâncias de nomes complicados teimam em ficar acima do limite numérico estabelecido por um carrasco das análises clínicas, validado pelo sádico de jaleco branco chamado médico! Sei que a revolta é comigo mesmo e os doutos senhores da fisiologia humana cumprem direitinho seu mister. Faço a afirmação para não parecer que me tornei um dos incautos negacionista da ciência, que tanto mal fazem e fizeram ao país. Seria irônico e poderiam me encaminhar para o psicanalista ou até, sem atalhos, para o legista. Hábito de leitura é muito mais fácil de ter, por natural que é para mim, do que os tais hábitos alimentares equilibrados. De qualquer forma, o rumo de pensamentos difusos não é devido a drogas alucinógenas, mas, sim, pela ausência de serotoninas.

Quando finalizava esta postagem recebi a triste notícia do incêndio que destruiu parte significativa do acervo de Zoologia e outras instalações do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro (https://www2.unesp.br/portal#!/aci_ses/notas-e-comunicados/nota-atualizada-sobre-o-incendio-no-ib-de-rio-claro/). Não houve feridos devido à rápida ação de evacuação dos prédios, mas o prejuízo científico é enorme. Uma longa e profunda investigação deverá ser realizada para saber as causas do incêndio, mas sabemos que as constantes reduções de orçamentos em órgãos públicos, paradoxalmente, cobram seu preço. A comparação com a destruição do Museu Nacional, quatro anos atrás, torna o fato ainda mais triste e angustiante. O fogo é alimentado por combustíveis e comburentes, mas também por falta de cuidados, especialmente quando a verba míngua. Lembrando que acidentes não acontecem, são causados. Ao menos a comunidade científica, como de outras vezes, já se mobiliza para avaliar o quanto pode fazer para minimizar o impacto nos grupos de pesquisa envolvidos e nas atividades didáticas. Respiremos fundo, nos inspiremos na fênix e sigamos. #IniCiências

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