Orgulho de viver e lembrar

O belo arco-íris no céu é fruto da decomposição da luz branca do sol pelas gotículas de água presentes na atmosfera. Ou melhor, luz quase branca, pois tem um componente mais intenso na região do amarelo. Esse conjunto de ondas luminosas ou de energia é chamado de espectro eletromagnético, fruto dos estudos que revelaram de mesma natureza tanto a luz quanto as ondas de rádio e a radiação, passando pelo ultrassom, pelas outras energias emanadas de estrelas e até as microondas de nossos fornos domésticos. A interação da radiação luminosa com a matéria origina as cores e abre a possibilidade para um grande conjunto de análises químicas, quali e quantitativas, que estão presentes em nosso cotidiano. Exames de sangue usam esses princípios nas determinações de substâncias lá presentes, da mesma forma que medidas ambientais, industriais, e, é claro, artísticas. O fotômetro talvez seja o instrumento mais próximo dos artistas quando a questão é luz, mas os pintores bem sabem o jogo que devem fazer para as melhores combinações, equilíbrios ou contrastes em suas obras, usando o olho e a sensibilidade como detectores de tais medidas. #IniCiencias

Nós, seres naturais de um mundo em constante mutação, somos diretamente relacionados a essa condição evolutiva. Deveríamos saber um pouco mais de nós mesmos antes de violentarmos contra decisões e condições próprias da vida e da existência. Assim, a diversidade energética presente nas luzes é também refletida na diversidade de pessoas. O orgulho de ser caminha junto com o respeito ao orgulho de quem é. Sabemos que nascemos, mas não sabemos exatamente o que somos ou no que nos tornamos. E, mesmo conhecendo tudo o que sabemos, ainda assim, somos cruéis com os que não são aquilo que, simplesmente, não são. Nem falo da diferença de ser o que não somos, mas de serem simplesmente o que cada um, em sua individualidade, é. O dia de celebrar o orgulho de respeitar o orgulho próprio ou alheio deve ser todos os dias, não apenas em uma festa, uma comemoração. Respeito e orgulho sempre.

Fernando Antonio Abrahão faleceu nesta semana, em sua residência, após lutar contra a doença (https://www.unicamp.br/unicamp/index.php/noticias/2022/06/28/faleceu-o-historiador-fernando-abrahao-do-cmu). Depois de longa carreira de historiador no Centro de Memória da Unicamp, continuou a dedicar seu tempo e interesse à preservação do conhecimento e da cultura histórica de Campinas e das cidades próximas. Na presidência do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas promoveu muitos encontros, seminários, visitações, despertando em pessoas como eu o interesse pela história viva e científica. Acolheu-me como membro do IHGGC em 2019, motivou-me a escrever para o site e para a revista, e convidou-me a elaborar a orelha da edição 6/2020 da revista do Instituto, publicada no meio da pandemia. Uma grande honra para mim e um trabalho primoroso de edição do Fernando. Era também membro da Academia Campinense de Letras e partícipe ativo da cultura onde houvesse ação a ser feita. Há os que acreditam em outras vidas e serenidade no pós-morte. Respeitemo-los. Vejo que a atividade do Fernando, que tanto batalhou pela preservação da memória alheia, demanda que, como maior respeito a sua profícua existência, sejamos nós os agentes de manter viva sua história e atuação. Foi-se não apenas o profissional dedicado, o pesquisador arguto, o companheiro da Eliane Morelli, o filho, o irmão e o tio amado. Foi-se meu amigo Fernando.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados