Cultura ao amor

O frio antecipado nestes meados de maio é aquecido pelo relacionamento humano. Não é suficiente para ajudar a todos que padecem pelas temperaturas baixas, especialmente os que são relegados a viverem nas ruas. O calor humano atua, sabendo que pessoas não morrem de frio, mas, sim, de descaso. Ainda assim, as entidades e pessoas que saem às ruas para colaborar são criticadas porque fazem da ação social uma ação política, como se todas nossas ações assim não fossem. Preferem a manutenção do assistencialismo à conquista da cidadania. Há também o amor expresso individualmente e que a todos contagia. A junção de pessoas que se amam é celebração universal e creio que ocorre desde que nos entendemos por seres sociais. Admiremos e tomemos por exemplo que ainda há esperança e amor. Cultivemo-los. Na contagem regressiva, faltam ainda 135 dias para registrar o momento de consagração da volta da esperança e fazer todos se amarem mais, não se armarem.

Além da cultura ao amor, no calor da política, vão surgindo questionamentos à forma mágica como tenta-se plasmar candidatos (https://www.brasil247.com/blog/matemagica-para-uma-impossivel-terceira-via) e traçar falsas simetrias para justificar escolhas que não possuem qualquer fundamento lógico (https://www.brasil247.com/blog/golpe-em-curso-e-a-falsa-simetria). A opinião se difunde por espaços nunca dantes navegados, virtuais ou reais. É curioso que sentimentos antes difíceis de serem explicados de forma material, tal como o amor é, se materializam em conquistas substantivas, desprovidas do elã da abstração, enquanto que coisas palpáveis estão sendo transferidas para metaversos, expressões virtuais de mundos pensados que eram feitos tão somente de matéria e energia. Ficção vira realidade e - socorro!- vice-versa.

As reuniões presenciais das entidades culturais voltaram a acontecer. Nesta semana fui à celebração do aniversário da Academia Campinense de Letras, marcando o início do ano acadêmico, conduzida pelo infatigável Jorge Alves de Lima, com palestras e apresentação musical. Por sua vez, a Academia de Letras de Lorena, que não interrompeu as atividades, mantendo-as de forma virtual, volta neste fim de semana a propiciar abraços verdadeiros entre seus membros e o público que sempre prestigiou as reuniões. A Seção de Campinas da União Brasileira dos Trovadores também fez um festivo (re)encontro para propiciar homenagens às mães e à maternidade. Para mim foi especial, pois fui admitido nesse seleto e dinâmico grupo bem no início da pandemia e não conhecia pessoalmente a grande maioria dos trovadores. Fizemos encontros virtuais, é verdade, mas longe de um olho no olho - e máscara na máscara, por certo e por segurança. Cultura que acontece, de um segmento bem definido, um recorte de muitas das manifestações possíveis, mas eventos importantes para nossa sobrevivência física e mental, especialmente em tempos de tanta desconstrução da arte e do saber.

Comentários

  1. Artigo sensível a valores universais que, redigido com atenção, costura hàbilmente fendas e rombos no tecido esgarçado mas resistente de nossas almas aflitas.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo ótimo texto!!! Que bom ter mencionado nosso retorno presencial da União Brasileira dos Trovadores de Campinas. Além do olho no olho que citou no seu artigo, a energia boa de estarmos de volta as nossas atividades culturais nos deixou imensamente gratos por não termos sucumbido a essa doença pandêmica.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados