Sede de cultura

A água esteve em comemoração no mês passado e deixei a efeméride escorrer. Após minha participação no programa Conexões, da UniFatea (https://www.youtube.com/watch?v=hb4ga3Ne8sQ), em alusão ao Dia Mundial da Água, publiquei artigos utilizando palavras ali ditas. Um conjunto de frases foi sobre nosso papel de educadores, a arte da sensibilização de uma outra pessoa pelo assunto que está sendo falado. A didática é uma mescla, portanto, de arte, conhecimento, retórica e convencimento. Se água é vida, aprender é viver. Temos de atuar nessas vertentes. Não podemos ser omissos, dizendo ser suficiente dar as aulas, revelar algumas coisas, trazer temas para o debate, sem buscar a transversalidade dos assuntos. Não, não é o suficiente. Nunca é suficiente o que a educador faz. Um bom professor sabe que tudo aquilo que ele faz, por melhor que seja, nunca será suficiente. Então, ele quer aprimorar, expandir e melhorar. Na questão específica sobre a conscientização para o uso racional da água, temos que pensar muitas vezes naquilo que é considerado conhecimento tradicional, envolvendo questões simples, e isso ser, na verdade, o ponto de partida para se chegar a questões maiores e mais complexas. Creio que avaliamos um pouco da arte da educação e do aprendizado no referido programa.

Cultura é transgressão, não submissão. No entanto, ocorrem-me duas cenas que contestam, lamentavelmente, essa afirmação. A fala do baba-ovo para a autoridade presente causa asco, ainda mais quando se diz representante de um grupo. "O líder falho" já foi assunto de artigo recente no Correio Popular de Campinas, sem comentários públicos ou particulares. Torce-se o nariz por debaixo da máscara contra a covid, fica-se incomodado nas confortáveis cadeiras do teatro, mas a educação respeitosa mantém a audiência no recinto, esperançosa de não ser confundida com conivência. Em outro cenário, a dona da poesia não admite outros dizeres que não os dela. A cortezia abandona a dona que fica por cima da rima e agride até clássicos na arte de fazer parte de sentimentos. Mente, para mim, é único instrumento de criação; mente, para tais velhacos, é condição para acreditar que o imundo mundo que defendem é melhor.

As festividades pelos 50 anos da Academia Campineira de Letras de Artes (ACLA) no último fim de semana foram magníficos, coroados com a participação da Orquestra Sinfônica do Conservatório Carlos Gomes, do recital ao piano de Cezar Freyesleben e Mauricy Martin, e do Ballet Harmonia, este com direção de Lucia Teixeira. Foi editada a "Revista Acadêmica Comemorativa do Cinquentenário da Academia", para a qual contribuí com minha crônica/ficção "O veganismo político também é impossível (recusado pela piauí e aceito por aí)", material, como o subtítulo diz, apresentado à revista mensal no âmbito do concurso de contos que promovia mensalmente. Sim, possui tons de crítica política, mas passou pela censura e foi publicado agora. Infelizmente, na terça-feira, 12 de abril, veio a notícia da morte da acadêmica Teresa Aguiar, grande artista representante das artes cênicas e ocupante da cadeira 30 da ACLA, cujo patrono é Cacilda Becker. A saúde já lhe era debilitada em função do câncer, mas lamento profundamente. Conheci-a mais pelas obras do que pessoalmente. Ficam o respeito à dor dos familiares e dos que com ela conviviam e a importância de manter viva sua memória e profícua produção intelectual e artística.

Comentários

  1. Flávio de Azevedo Levy14 de abril de 2022 às 20:18

    Parabéns principalmente pelas festividades dos 50 anos da ACLA.
    Apenas uma consideração: O Coração também cria, e procria.

    ResponderExcluir
  2. É muito importante. - eu diria: afortunado - ter -se num único academico, o Adilson, a mente do cientista, a pena do escritor e sobretudo a didática do professor. Isso enriquece essa nossa ACADEMIA que celebra seusccinquenta anos de praia e em cuja revista celebrativa ele teve tanta participação. Muito belas também as palavras dedicadas à memória de nossa confrade Teresa, a quem a ala cultural de nossa sociedade tanto deve.
    Bravo! Entre lágrimas e palmas, seguimos em frente pela estrada da vida.

    Realmente as festas do cinquentenário da ACLA foram um sucesso!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados