Volta presencial

Dois anos e nunca deixamos de trabalhar. Muitos deixaram de viver, resultado menor da biologia e maior da ideologia No âmbito acadêmico, nesse período realizamos todas nossas atividades didáticas de forma remota, exercemos a administração universitária e, com grandes restrições, fizemos pesquisa científica. Os laboratórios foram interditados na maior parte do tempo o que não impediu a revisão bibliográfica, a redação de artigos antes suspensos e a inserção por novas áreas e atividades, especialmente na divulgação científica e participação de comitês e grupos de avaliação e alerta quanto ao desenvolvimento da pandemia. A cautela universitária foi importante para sinalizar ao restante da população os perigos de minimizar os efeitos da covid-19. Não evitou o negacionismo crescente por questões políticas, mas contribuiu para que ficássemos mais seguros à espera da única proteção eficaz que foram as vacinas. E, mesmo assim, assistimos a descasos governamentais inéditos na história de nosso país, sofrida história. Mas a resposta principal quando se pergunta o que fiz na pandemia é: sobrevivi.
 
Almoçar no restaurante em frente ao instituto de pesquisa foi o marco da volta às atividades presenciais. Claro que sempre de máscara, tirada apenas no momento de comer. De todas as medidas que podem e deveriam ser feitas para melhorar o convívio em tempos ainda pandêmicos, a desobrigação do uso de máscaras seria a última a ser tomada, pois continua sendo uma barreira importante e funcional contra o coronavírus. Mas, tal como escrevi no Boletim Anti-Covid, caem as máscaras (https://bacunesprc.blogspot.com/2022/03/caem-as-mascaras.html). No entanto, continua sem acontecer o prazer do convívio da alimentação em grupo fora de casa porque a chance de contaminação em aglomerações continua. O governo paulista tirou a obrigação do uso da máscara, mantendo apenas no transporte público e ambientes hospitalares e de serviços médicos. É o caso de uso facultativo que revela quem ainda mantém atenção à proteção. Na universidade mantemos a obrigação de uso, mesmo nas áreas abertas. A ciência não nos dá outra opção. Novas cepas se desenvolvem, menos letais especialmente aos vacinados, mas algum desconforto pode ser evitado. Já foram dois anos nessa situação e algumas semanas a mais com a máscara no rosto é suportável. #IniCiencias

Se o tema é presença, há que se falar sobre poemas. A literatura e suas academias - outras, não aquelas universitárias - seguiram um ritmo de atividades significativo na pandemia, ao menos as que assim o quiseram. Outras se recolheram por motivos vários. Saindo de uma pandemia e convivendo com mais um período de guerra, a expressão poética se intensifica. Sim, algo mais reflexivo sobre a situação belicosa foi escrita, não em agradável poesia, mas com apontamentos comparativos das guerras lá e cá. Além disso, serviu para testar se o site russo continua ativo: https://port.pravda.ru/sociedade/54214-conflitos_mundo/ (antecipo o alerta de que muitas vezes aparece mensagem de erro ao acessar a página devido à censura). Nesses escritos, motivado pelas dores de uma sobrevivência sofrida, deve haver uma guinada nos sentimentos - se isso é possível - para emplacar um texto viável, avaliado por aqueles que se julgam os julgadores da viabilidade da escrita. Perdão pela redundância. e por voltar sempre a esse tema tão presente.

Comentários

  1. Períodos difíceis para a humanidade: saindo da Pandemia e convivendo com a guerra. Muita tristeza para os nossos dias!

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  2. Nem pandemia, nem guerra, nem o despautério da política e dos políticos - nada é motivo para se interromper o trabalho e o curso do pensamento construtivo. Cada cidadão pode contribuir. Só não vale alienar-se. A combatividade deste blogueiro é exemplar.

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