Diplomacia

Em Lorena morei na rua Oswaldo Aranha, homenagem ao embaixador brasileiro na ONU que se destacou no pós-guerra pela defesa da criação do Estado de Israel, dentro do que foi chamado de solução ou divisão da região da Palestina (com w é o nome que vinha no iptu; com v parece ser o usado nas enciclopédias). Por isso o Brasil, como reconhecimento daquele organismo, passou a abrir todas as assembleias gerais. A diplomacia brasileira, mesmo em períodos de conturbação nacional e internacional, já foi muito melhor da que nos resta hoje. A solução de conflitos sempre foi a tônica da representação diplomática nacional, não a postura de colocar mais lenha na fogueira. Homenagem muito justa ao diplomata e vejo na internet que os israelenses também o homenageiam com ruas e praças. Poucos se importam com a origem dos nomes de logradouros por onde passam ou habitam. Algumas vezes discorri sobre tal assunto na coluna semanal que mantinha no Jornal Guaypacaré daquela cidade vale-paraibana, incluindo a discussão sobre a pronúncia para o nome de outra personalidade, a rua Marie Curie - kírrí -, se fosse levado o francês ao pé da letra, ou melhor, do som.

Não revelar todos os descontentamentos ou itenções é estratégia para a boa convivência, seja entre pessoas, seja entre povos. Há um tênue limite entre a prudência e a leviandade, dirão os analistas, mas corremos corriqueiramente esses riscos. A época, por exemplo, é de Carnaval e mesmo sem desfiles ou bailes, continuam os ânimos para dele gostarem ou odiarem. Alguma animação extra-muros acontece, não de minha parte. Ao menos poucos estão vindo aqui no blog para leituras e comentários, além de ser um período coincidente com fim de férias escolares. Resgatei um texto com o título "pulo o carnaval" para ironizar os três significados do verbo na frase e deixei no Facebook. Participar, evitar e polir. Um exemplo de que não vale a pena envidar esforços para defender uma posição, pois seria o caso de tratar com diplomacia os apaixonados combatentes. Gostar ou não gostar da festividade não alterará muito o estado das coisas. Diferente das escolhas políticas, essas sim tão cruciais, cuja contagem regressiva dos angustiantes e últimos 300 dias que nos faltam está em curso.

Ser contra a guerra? Sim, se ela for entre os que morrem e os que matam mandados por outros. A guerra pessoal é legítima, mas não acontece quando se fala de países ou regiões em conflito, cujas populações são as que sofrem, além da verdade, a histórica primeira vítima. Uns provocam outros, mas não são esses os atores na linha de frente. Estudando um pouco da História, sabemos o que realmente está por trás da belicosidade e a escolha de um lado, sem pensar nas vítimas, não é difícil. Difícil é defender a escolha sem pensar nas vítimas. Porém, se está envolvida, por mais sutil que seja, a defesa do nazismo, há que ser totalmente contrário a tal defensor, por princípio e por legalidade. Liberdade de expressão possui o limite da lei e tasquei o termo prisionidade em artigo de ontem, palavra usada antes apenas duas vezes (segundo o google) e com denotações religiosas, curiosamente: https://www.brasil247.com/blog/prisionidade-de-expressao. Em tempo: não deixarei de ler Dostoiévski nem Maiakovski, tampouco não vou parar de assistir a Eisenstein.

Comentários

  1. Parece que nos seus artigos indicados por este blog você é mais explícito, escreve em linha direta, sem as entrelinhas costumeiras deste.
    Li e " em não concordo em nada que disse, mas defendo até a morte o direito de dizer", o que não acontece nos regimes fechados. O mundo é cheio de Voltaires. Alguns querem por reguladores na imprensa, o que seria isso?

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  2. A guerra verdadeiramente necessária é contra o obscurantismo reinante, seja no leste europeu ou no nosso Brasil.

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