A retrato falado não se olham os crentes

Parabéns para você, aniversariante do dia! O tradicional presente festivo falta-me. Muitos são os lamentos que acumulamos e o sorriso comemorativo é amarelo por trás da máscara onipresente. Ainda estamos em pandemia, seguindo todos os protocolos sanitários de não aglomerar e se proteger, mesmo com a vacinação bem encaminhada, graças aos que insistiram na ciência e aos que delataram as falcatruas que estavam em curso. Porém, não deixaram ser você no comando para mitigar seus efeitos. Um outro quadro teríamos, não é verdade? Luto aqui e lá, parodiando os acordes musicais que nos inspiraram ainda antes da virada do século e do milênio. Assim, o presente poderá ser você, na forma de um futuro próximo; no entanto, sabemos que mais uma volta ao redor do sol será necessária e os equilíbrios vitais e energéticos mudarão, e muito.

Convicções falsas pululam nos ambientes cibernéticos atuais. Acredita-se em mentiras, oficiais ou não, e, o pior, passa-se a propagar tais fake news como se fosse a realidade criada para sustentar o próprio mundo. De forma doentia, propositada, ou ambas, tal condição está em clara evidência. É como a vontade de colocar Einstein no Ceará, observando o eclipse de um século atrás. Isso nunca aconteceu, erro que já cometi e alertei o leitor de outro jornal sobre o equívoco (https://www.jcnet.com.br/opiniao/tribuna_do_leitor/2021/10/779018-einstein-nao-esteve-no-ceara.html). Garanto que nós não erramos por determinação com o intuito criminoso de promover e espalhar a ignorância. Não, apenas crentes em uma memória falha, assim procedemos. A brutal diferença aqui em comparação com os crimes oficiais e oficiosos é que fazemos o devido reconhecimento do erro e sua correção.

Ouço as vozes interiores de um eu lírico que nem sempre se manifesta. Há os que ouvem, vindas de fora, alucinações de visitas indesejadas - ou esperadas, na verdade -, que marcam a crença professada. Vozes que falam e que retratam mais do que desejamos ser, pouco do que realmente somos. Essas vozes se transformam em crônicas, sempre tentadas a ser a realidade do cronista. Ao falar de manifestações, por exemplo, juntei um relatório fictício com algumas sentenças mais sérias e a revista CULT publicou em seu Lugar de Fala (https://revistacult.uol.com.br/home/vida-corrida-nao-e/). Quem elaborou o texto sabe os elementos da ficção assumida e os da realidade ficcional não sabida. Ao leitor, feito um retrato narrado da melhor fotografia, resta crer para ler. E cobram para revelar os sujeitos. Ah, a saudade da ditadura... Minha leitora Lúcia Narbot diz que eu teço os parágrafos. Nem sempre o conjunto serve de pano de fundo para o que realmente se queria dizer. Se, após a composição dessa trama, algum distúrbio mental resta a ser diagnosticado, que o seja por um médico. Basta de charlatães vendendo crendices.

Comentários

  1. Sim, o sorriso é amarelo, o temor persiste e não se sabe se haverá luz no fim do túnel. A ignorância disseminada ameaça nos soterrar. E só nos resta torcer para que as coisas mudem para melhor. Porque estava errado o Tiririca, quando dizia que “pior do que está não fica”. Ficou, e muito…

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  2. Adilson, achei bom seu esclarecimento de que Einstein não esteve no Ceará.

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