Que mal há em mentir?

Salvo pelo gongo, sai a publicação da semana. Foi apreensiva a elaboração, pois recebi uma notícia de que estava infringindo as normas do blog e uma das postagens fora removida! Verifiquei e nada observei que pudesse ser considerado propagação de vírus, conforme o relatório recebido. No dia seguinte, outra comunicação restabelecia o blog à normalidade. Quase vestindo a carapuça, pensei que estava causando algum mal, mentindo, fugindo do debate, sei lá. Foi apenas uma rotina corriqueira dos nebulosos programas de rastreamento da informação. Porém, um erro grave cometi quando previ que a CULT deste mês versaria sobre maternidade (http://adilson3paragrafos.blogspot.com/2021/04/curando-mentes-e-coracoes.html). Errei, mas não deixei de elaborar um texto curto sobre desejo, o tema escolhido pela revista. O texto foi sucinto não porque sejam curtos os desejos, mas por falta de melhores palavras para expressá-los (https://revistacult.uol.com.br/home/zumbido-no-desejo/), ainda que considere serem descartáveis alguns elementos ali colocados. O uso de advérbios, adjetivos é considerado desvio da clareza do texto? Assim apregoam e tentam nos ensinar os bons cronistas, mas gosto de um qualificativo além do descritivo. Fica menos insosso. Ou é encheção de linguiça?

Como fugir de perguntas capciosas ou comprometedoras? A falta de coragem poderia levar a recorrer a supremas interferências, ainda que se queira extinguir tais supremacias. O Estadão, por exemplo, somente publica cartas em concordância com sua linha editorial e política, que varia ao longo do tempo. Cartas de 2018 contra e a favor sobre presidenciáveis são distintamente tratadas hoje, tanto é que, neste ano, o jornal dos Mesquitas passou a publicar muito mais cartas minhas do que o dos Frias. Mas foi da Folha de S. Paulo que recebi um regalo inusitado: o exemplar comemorativo de seu centenário. Mais papel com que lidar e arquivar, este amante do grafite sobre a celulose. Desta vez, foi o Pravda que cedeu espaço para considerações e opiniões políticas mais elaboradas que, de qualquer forma, são fruto de cartas não publicadas. A "Fumaça jornalística" do mês, verdadeira, está aqui: https://port.pravda.ru/news/cplp/14-05-2021/52828-fumaca_jornalistica-0/.

A Academia de Letras de Lorena fez reunião virtual no sábado passado, com intensa programação cultural. O canal no youtube está ativo com depoimentos em vídeos de Acadêmicos e também relatos das atividades (https://www.youtube.com/channel/UCBWtHa1YPRZQSaTothX9ubw). Na reunião aberta a quem se inscreveu para não sobrecarregar o sistema virtual, falei sobre minhas leituras de Charles Baudelaire, motivado pelo bicentenário do poeta francês reportado na revista Quatro Cinco Um (a revista dos livros). Guilherme de Almeida foi um dos tradutores das "Flores do Mal", cuja coletânea de 1943 é marcada por conter os textos originais e notas sobre como a tradução foi realizada para manter a métrica e a sonoridade dos versos. A obra de Baudelaire já era lida no Brasil pelo menos desde o ano de lançamento do original, em 1857. Mais uma vez, enveredei-me pelos arquivos da Biblioteca Nacional para confirmar datas e estudos sobre as primeiras traduções, com as devidas controvérsias e inconsistências de datas. Desvelar parte desse passado literário é um exercício recomendado e não faz mal algum.

Comentários

  1. Na mesma semana em que a verdade é ameaçada numa certa CPI, é mister escrever sobre a mentira. Muito criativo o elo entre os três parágrafos, parabéns Adilson Gonçalves.

    ResponderExcluir
  2. O dia-a-dia do Brasil é às vezes desconcertante. O blogueiro nos ajuda a alinhavar.

    ResponderExcluir
  3. O dia-a-dia do Brasil é às vezes desconcertante. O blogueiro nos ajuda a alinhavar.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Letras que dizem

Finalizando

Pedaços quebrados