Pedras no caminho

Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, devidamente vencido. Gostei mais do miolo do livro do que do final. Ficou a impressão de que, em algum lugar entre 30-50 páginas do desfecho, a história de Bibiana e Belonísia já estaria muito bem contada. Mas o reles leitor não sabe o que se desenvolveu na mente do autor. Finalmente comecei a ler A Organização, da Malu Gaspar, sobre a Odebrecht. Da ficção para a realidade - ou vice-versa e misturado, quem sabe? Na linha Lava Jato que permeia substancialmente a história da empreiteira, há julgamentos importante acontecendo no Supremo Tribunal Federal nos dias correntes. Hoje, mais precisamente, se estiver lendo em sincronia com a publicação deste blog. Seria uma elegia à diversão a digressão que os magistrados fazem sobre os ditames constitucionais. Seria, não fossem tais análises com objeto feito de trágicas consequências existenciais e de sobrevivência às próprias instituições e ao que conhecemos por democracia. Aprecio os embates, sem muito de sua matéria entender, mas a surpresa fica por conta de tantas interpretações que a Carta Magna pode ter. Por isso os cuidados ao estabelecer autoria de textos anônimos ou sob pseudônimos de escritores do passado que rotulamos como importantes apenas pela leitura dos próprios textos. Data venia podem ser outros os autores, salvo melhor juízo.

O luto segue. A revista CULT publicou minhas curtas reflexões sobre o tema e, ainda que nada a comemorar, segue o link para leitura (https://revistacult.uol.com.br/home/o-luto-dos-outros/). O exercício do Lugar de Fala é uma interessante experiência para acomodar devaneios e interlocuções de assuntos não pensados previamente. O tema de abril é 'cura'. Que fluam os sentimentos para a ponta dos dedos e elaborem seus textos, cujas normas estão aqui: https://revistacult.uol.com.br/home/colunistas/lugar-de-fala/. Parece um contraponto adequado, abordar a cura após o luto. Escrever é lamber feridas do corpo, da mente e de outras esferas que misticamente podem ser atribuídas ao todo que é cada indivíduo. Junto as palavras no intuito de dar sentidos e sentimentos e sou grato aos leitores e aos que deixam seus comentários, tanto aqui como alhures, pois são parte da baliza do caminho trilhado, ainda que pedregoso.

Ainda não foi desta vez o voo do helicóptero Ingenuity que está em solo marciano. A NASA foi adiando o experimento aéreo, agora sem data definida, em função de reconfiguração necessária no sistema de controle da aeronave. Uma pedrinha como estorvo. Escrevi minha coluna para o Jornal Cidade de Rio Claro com algumas linhas convidando para acompanhar a proeza que não se realizou. O artigo pode ser encontrado, como sempre, no Facebook (https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/). Tal qual em um grupo de pesquisa, é necessária pressão para que o artefato voe. A atmosfera em Marte é rarefeita e a pressão atmosférica é um centésimo da nossa. Duplo desafio. Falo de pressão pois é isso que se está fazendo para que algo mais sensato e menos trágico aconteça no país para sairmos da enrascada social e de saúde pública em que fomos metidos. Há que se concentrar e direcionar a pressão, uma vez que fruto da força sobre a área; expandindo sua ação, a força exigida será maior. #IniCiencias

Comentários

  1. Pois é, Adilson, assim como cada escritor tem seu próprio estilo, cada ministro tem seu próprio “estilo” de rasgar a constituição. E cada um acusa o outro de tê-lo feito. A cura de que precisamos é demorada, o remédio amargo e a convalescença lenta.
    Parabéns pelo texto!

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  2. Para mim, "Torto arado" contém uma história interessante e bem montada. Mas a escrita, em sí, é sofrível. O blogueiro dos três parágrafos escreve bem melhor.

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  3. É muito interessante e inteligente o modo como você, Adilson, mistura assuntos em três parágrafos, mantendo entre eles uma linha tênue, fio condutor. Criativo. Parabéns pela ideia.

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  4. O explorador marciano está levando para mostrar àquele planeta um pedaço de um avião dos Wright. Continuando a mentira criada em 1912 de que os Wright (e por associação os EUA) inventaram o avião. Brasil acima de tudo!. (Ref.: Dumont, S., "O que eu vi, o que nós veremos", edição própria, 1918). http://www.geocities.ws/lunazzi/SantosDumont/SantosDumont.htm

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    1. Não é que queira aparecer como "Unknown", é o que resulta. José Joaquín Lunazzi

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