Nutrição social

O leite tem proteínas em quantidade aproximada à de gorduras. O açúcar principal presente no leite é a lactose, cuja fórmula química é C12H22O11, o que não representa todos os detalhes de sua estrutura. Difere da sacarose, o açúcar da cana, apesar de possuírem a mesma fórmula química. Ou seja, uma única descrição ou propriedade não é suficiente para caracterizar o todo, servindo para moléculas e para pessoas. Nomes em química seguem uma lógica, nem sempre evidente, cuja terminação caracteriza a que grupo a substância pertence. Assim, ose será equivalente a açúcar, ou carboidrato, que é o nome mais adequado, pois a composição é equivalente a uma quantidade de água (hidrato) para cada de carbono na molécula. Com proteínas, gorduras e carboidratos, muito nutritivo é o leite, tornando-se ainda mais energético quando parte da água nele contida é retirada e são adicionados outros açúcares. Obtém-se o leite condensado. Essa palavra, condensado, possui vários significados, um deles é o de concentrado, apesar de, sarcástica ou realisticamente, retirarem o 's' da palavra para expressar o que o produto é. O leite assim processado com a adição de mais açúcar virará guloseima vastamente usada por confeiteiros. Uma delícia da milícia.

Alimentamo-nos do que necessitamos e daquilo que nos é ofertado ou esteja disponível. O corpo fisiológico sabe de suas demandas e consegue se defender quando o alimento é impróprio. Ou sofre imediatamente, após uma intoxicação ou desnutrição. E quanto ao corpo social? Suas defesas são suficientes para evitar que sofra, adoeça ou até morra? A qualidade da informação é um elemento importante para irrigar o tecido social de cada um de nós, qualidade essa em declínio, paradoxalmente, com o advento do acesso em massa à troca de mensagens e à internet. Tal como a obesidade está superando a subnutrição como epidemia mundial, em face da maior industrialização de alimentos, a desinformação destrói o progresso social em que estávamos lentamente caminhando. A mentira ganha eleições, promove guerras, rompe acordo entre nações e faz morrer muito mais gente na pandemia atual. O vírus mata, a mentira o torna mais cruel.

Ouvi entrevistas com os novos pró-reitores da Unesp, equipe que assumiu a gestão há dez dias. O de Extensão Universitária e Cultura, professor Raul Borges Guimarães, falou sobre a importância de comunicarmos a ciência especialmente nesse tempo que combinou pandemia e negacionismo. Atuamos continuamente na divulgação científica, especialmente pelo Boletim Anti-Covid, que começa a incorporar mais os aspectos gerais das artes e das ciências nas publicações (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/). Da minha parte, continuo com esse mister misto e também me alimentando de e ousando em reflexões filosóficas, como as promovidas pela revista CULT. Neste mês, o tema foi 'perspectiva' e juntei alguns dilemas do encontro e da fuga no ensaio "Ponto de fuga" (https://revistacult.uol.com.br/home/ponto-de-fuga/). Restou um detalhe, apenas explicado por Freud: na descrição da página, a editora escreveu 'ponte' no lugar de 'ponto'. Vamos digerir o que isso pode significar. #IniCiencias

Comentários

  1. Nem me incomodaria tanto se o povo não estivesse tão sofrido e tantos brasileiros morrendo

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  2. E viva o leite condensado SQN. A qualidade da informação e do quanto devemos nos manter esclarecidos, independentemente do partido A ou B, é fundamental para nos tornarmos críticos e nos posicionamos diante dos fatos.

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  3. Diante de tanta iniquidade nesta nossa sofrida república, só nos resta a ironia.

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