Começa quente

Chuvas de verão. No verão. Chegam as chuvas não sem as catástrofes associadas por falta de planejamento urbano. Abandonamos o campo para viver na cidade sem atentar para a dinâmica da natureza. As mudanças climáticas que ignorantes do poder continuam a negar são responsáveis por parte dessas novas interações, mas há a história continuada de impermeabilização inadequada do solo, construções em áreas de várzea e próximas a cursos d'água, desarborização desenfreada e lixo, muito lixo onipresente na terra, água e ar. Por fim, após dias com friozinho estranho para a época, finalmente, a temperatura sobe. Não que isso agrade a todos; no entanto, é preocupante sentir mudanças globais no nível tão local, dentro de casa. Assim, depois de umas noites necessitando de coberta para dormir, o verão parece ter chegado. Sobrevivamos.

A discussão calorosa no parlamento norte-americano é esclarecedora sobre a divisão de tempo entre os deputados e também sobre a pantomima, uma vez que os votos já são previamente conhecidos. A surpresa ficou por conta da dezena de Republicanos que votou de forma esclarecida, a favor do impeachment do insano e criminoso que ainda ocupa a presidência dos Estados Unidos. Nada muda em relação ao rumo dos acontecimentos, mas pode ser um indicativo importante de que aquele partido possa romper com os extremistas e supremacistas, voltando-se à defesa de democracia. Assistimos às articulações de lá pensando nas daqui. Nossa Câmara dos Deputados dorme sobre mais de meia centena de pedidos de afastamento do presidente e não há indicações sólidas e confiáveis de que os processos serão levados adiante pelo novo presidente daquela Casa de Leis, qualquer que seja. Angústias nessa espera, que vai até depois de fevereiro, sem carnaval, para saber se haverá esperanças políticas.

Em contraponto, é uma semana de aquecimento nas boas notícias no combate à Covid-19, com os bons resultados das vacinas que estão em processo de autorização para uso emergencial na Anvisa. A campanha agora deverá ser para vacinar para nos proteger e proteger aos outros. Não é direito ou obrigação individual. Vacinação é ação coletiva, os interesses de todos estão envolvidos, precisamos urgentemente entender isso. Infelizmente, o crime oficial da omissão não é punido. Forma-se um perverso conjunto de interesses escusos, que vão da economia à religião, passando por preconceitos, política e ignorância. Vejo negacionistas da ciência e das vacinas, inescrupulosos, defendendo suas igrejas e me pergunto que tipo de deus permite tal egoísmo criminoso? Antes que o ingênuo me responda que só há um deus, avalie as transações financeiras dos envolvidos.