Vender com venda nos olhos

Venda nos olhos para os que não querem ver. Venda que compram. Se o português é uma língua difícil, que aproveitemos suas idiossincrasias para alguma conjectura e jogo de palavras para dizer o que é explícito, mas de outras formas em outras fôrmas. Sim, abusei com o resgate do circunflexo que ficou fora dos dicionários (não do Aurélio) por décadas! Patrimônio público parece carregar origens nefastas, como a que seu gerenciamento é misógino (não é 'matrimônio') e ser público significa ser de ninguém. O patrimônio público brasileiro deveria ser o contrário de tais acepções, com riquezas construídas por todos, que deveriam ser mantidas por quem é o gerente do momento para benefício também de todos. Não para doar a valores muito baixos para outros que não defenderão o patrimônio para todos, pois será privado e não público. Ajustes na realocação de aparatos que não funcionam adequadamente podem e devem ser feitos, mas a lógica privatista per se é perversa.

Peter Sellers nasceu Richard Henry, mantendo o sobrenome que o tradutor do inglês dá como vendedores. A Amazônia que queima também é vendida; sobrenome de significado semelhante acompanha um dos malfeitores, vejam só! Sellers é considerado um ator de comédias, especialmente os da série da Pantera Cor-de-Rosa, mas fez ao menos dois filmes marcantes: Dr. Fantástico e Muito Além do Jardim. Um, distópico, o outro, uma bela mensagem sobre a passagem do tempo. Em Dr. Fantástico, a performance de Sellers é invejável, pois interpreta três personagens, para os quais foi nomeado a prêmios importantes, informam os sites especializados em cinema (por exemplo, https://www.imdb.com/name/nm0000634/). Resgato o ator falecido em 1980, jovem ainda, por ataque cardíaco, praticamente com a idade que tenho agora, porque foi o protagonista de O Rato que Ruge, também interpretando três papéis. O filme, de 1959, é sobre um minúsculo país europeu que resolve declarar guerra aos Estados Unidos como estratégia para perder a contenda e obter financiamento para sua recuperação econômica interna. Semelhanças com a triste e espantosa realidade? Cinema é isso.

Fato é que não há monotonia no Brasil, um filme de terror explícito cujo governo deveria ser proibido para os que têm mais de 30 anos de desserviço à nação. Usando uma expressão de uso e significado batido, seria chover no molhado discorrer sobre as mazelas quanto a educação, ciência, tecnologia, segurança, ambiente e saúde. Sobre a pandemia e a suposta ingerência que passa a haver na Anvisa indico nosso boletim (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/), mas a repercussão sobre a desinformação que está em curso está presente na mídia séria. Basta acompanhá-la. Dei mais alguns pitacos sobre as eleições norte-americanas, comparando-a desconexamente com nossa situação (https://www.brasil247.com/blog/o-azul-de-la-e-o-vermelho-de-ca). Concordo com os leitores do blog sobre a estranheza do sistema eleitoral dos Estados Unidos, bem como com a noção de que escolher democraticamente nem sempre é escolher o melhor.