O que nasce da pandemia?

Página em branco, mente vazia, o que escrever? Quase nove meses de quarentena, já quebrada aos poucos e pelos muitos que continuam a se contaminar e a contaminar os outros. A máscara mal usada nada protege. Queixos e lábios inferiores escondidos pelo pedaço de pano enquanto o tecido deveria ocupar o espaço completo. A proteção somente é efetiva se cobrir toda a boca, parte significativa do queixo e, muito importante, todo o nariz. Sim, mesmo nós os narigudos de proeminente napa temos de cumprir a regra. Não é o que se vê e se lamenta. E isso assusta. Mas não consigo respirar com a máscara! Oras, uma das consequências da barreira para o vírus é reter também parte da mobilidade das partículas que são aspiradas com o ar. Treine que consegue, sim. Mãos fora da máscara é outra recomendação, menos seguida ainda. Máscara adequadamente usada e ajustada não são óculos que precisam de ajustes o tempo todo. O vírus triunfa, as ondas se sobrepõem, as baladas acontecem como se não houvesse amanhã e nem tivesse acontecido o ontem da reclusão total. Jovens são os mais susceptíveis agora, provavelmente porque romperam a bolha. Renasceram para a vida social. Vacina demora, ainda que as notícias dessas semanas tenham sido muito otimistas. Como sempre, atualizamos tais informações no Boletim Anti-Covid da Unesp Rio Claro (https://sites.google.com/unesp.br/boletim-anti-covid-19/). #IniCiencias

Após o início desestimulante do primeiro parágrafo, alguma reflexão advém e publicações acontecem. Havia elaborado três crônicas curtas para um concurso do Litoral Norte que, como sói acontecer, não foram selecionadas. Reescritas, uma foi prometida para o Jornal Cidade de Bauru, outra para o Correio Popular de Campinas e a terceira sobre "Novos conhecimentos" cumpriu meu compromisso quinzenal com o Jornal Cidade de Rio Claro, sobre o avanço da ciência. Todas, quando publicadas, podem ser verificadas na página do Facebook, como foram as anteriores (https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/). Os temas das outras duas tocam na questão do cinema e nos inéditos de autores escondidos e famosos e, por isso, estudados e escarafunchados. Na semana passada saiu uma sobre o azul e o negro de novembro. Cada texto gerado parece imediatamente se transformar num fruto do mundo e não mais meu. Não criamos, cocriamos apenas.

Nove meses de quarentena e os primeiros bebês gestados completamente na pandemia estão nascendo para a vida extrauterina. O que eles nos contarão? Nasceram todos? Quantos não foram gerados por conta de um suposto "baby gap"? A reclusão de uma maioria alterou seus planos de reprodução? Ou aquelas crianças adiadas foram compensadas pelos acidentes de percurso causados pela obrigatória proximidade entre as pessoas? Estatísticos estão ocupados com os cálculos das crescentes taxas de contaminação, eficácia de vacinas e até intenção de voto para o segundo ciclo das eleições. Creio que ainda não se debruçaram sobre os índices de natalidade para ver a influência do insano ano de 2020.

Comentários

  1. O virus a dominar nossas vidas. Reaprendemos a respirar, a escrever, a nos reproduzir. O importante é não desaprender a pensar.

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