Liberdade e escolhas

Estava aguardando o resultado das eleições norte-americanas. Pelo menos algo mais próximo do final, o que ainda não aconteceu. A divulgada onda democrata não se concretizou, mas o resultado final ainda estava indefinido quando iniciei esta escrita e assim continua. Meu blog e meus leitores não podem esperar, pretensamente afirmo! Poderia usar o clichê de que a democracia ganha de qualquer forma, mas quando um dos candidatos já contesta o resultado afirmando que acionará a justiça, cria-se uma real possibilidade de arbitrariedades. Já vimos isso aqui há alguns anos, o derrotado fez de tudo para questionar a vencedora e o resultado foi o país em retrocesso; aquele candidato foi reduzido ao pó que lhe cabia e as consequências foram absorvidas por todos nós. O sistema de eleições nos Estados Unidos ainda nos parece confuso e não quero elucidá-lo se não há nem total entendimento de como a coisa funciona em nossas terras. O que mais me surpreende é ser um modelo criado quando existiam delegados reais eleitos para escolher o presidente mediante o colégio eleitoral formado por esses delegados. Os fundadores do país alegavam que o povo não teria discernimento suficiente para a escolha direta. Centenas de anos e dezenas de eleições depois não houve quem quisesse mudar a fórmula. Em termos sociológicos e de ciência política é a confirmação de que sistemas democráticos são sólidos e estáveis quando neles pouco se modifica.

Liberdade foi o tema do Lugar de Fala da revista CULT de outubro e juntei algumas considerações e reflexões para meu Liberdade (in)feridahttps://revistacult.uol.com.br/home/liberdade-inferida/. Demorou a confirmação de que seria publicado no site, então enviei para outro canal e acabou por haver uma dupla publicação do artigo, quase simultânea: https://port.pravda.ru/cplp/brasil/03-11-2020/51673-brasil_liberdade-0/. Revelo o fato para não parecer que estou fazendo autoplágio ou recheando currículo com repetições. Os que avaliam minhas atividades de pesquisador, como já disse, não valorizam outras esferas do saber. E também aproveito para divulgar esses dois veículos, sérios e importantes, com suas diferenças ideológicas e de conteúdo. Recomendo a leitura da revista CULT, que neste mês trata da psicanálise de Jung e o tema para o Lugar de Fala são as eleições. Uma boa combinação entre os interstícios da mente e as escolhas que ela faz.

Escolho finalizar a postagem discorrendo sobre a escolha da segurança do isolamento social, ainda que parcial. Medidas protetivas não pessoais, coletivas que são em sua natureza. Não ficamos em casa e usamos máscaras somente pelo egoísmo de nossas existências. Há o altruísmo coletivo intrínseco ao proteger as demais pessoas com essas atitudes, incompreendidas social e oficialmente. Digo parcial porque algum trabalho presencial passou a ser feito. A ciência experimental necessita da investigação em laboratório e convoquei os demais membros do grupo de pesquisa. #IniCiencias . Para minha surpresa, os alunos relatam o alívio de poder voltar, já que suas posturas à frente do computador estavam tornando-os seres corcundas e, o pior, tristes. Alegria com segurança será o lema da vida pós-pandêmica anormal, como sempre o fora. Por enquanto, as vagas na praia competem com as possíveis novas ondas de contaminação. Quais refluirão e quais causarão ressaca somente sabe o vento, não é poeta?

Comentários

  1. Estabilidade na política é um fator importante, concordo, sabemos muito bem como em nossos paises-colônia usa-se a desestabilização para alterar a democracia. Mas também é preciso destacar que os EUA não são democracia pois não tem espaço para partidos minoritários, um PT nunca teria chegado lá (lá lá, se vale a redundância, virando música). Não tem segunda volta ("ballotage"). E por isso o canalha de Bush Jr. ganhou do Al Gore, pois o milhão de votos do partido verde não foram para Gore, o ecologista. E porque fizeram (como na Argentina de Macri foi feito nos quatro anos de reinado) rolar o pleito da contagem de votos até que caísse em um juiz amigo, que a interrompeu.

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  2. Sejamos sinceros: a democracia norteamericana é meio esquisita, hem? A possibilidade de um povo de país rico, com suposta escola para todos, reeleger aquele topete, não é estranho?

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