Vida e morte em transformação

Dois anos utilizando este espaço com postagens quase semanais. Somente 10% das vezes não consegui cumprir a sazonalidade. Naquele 4 de maio de 2018 comemorei o Dia de Star Wars (May, the 4th) e lamentei os impostos a pagar (https://adilson3paragrafos.blogspot.com/2018/05/forca-das-financas.html). Agora, pouca comemoração houve, mesmo com infinitas possibilidades de filmes na tv. Parece que o infinito e a nulidade se encontraram... Um paradoxo interessante para explanação de meu amigo Acadêmico e Matemático Sérgio Cobianchi. A declaração do imposto de renda também perdeu momentaneamente a importância depois da prorrogação da entrega. Restaram a ininterrupta indignação com as questões políticas e os frequentes comentários do Paulo Viana e do José Lunazzi, dentre outros, que enriquecem as palavras aqui estampadas. Tento diminuir a melancolia, mas são novos tempos pandêmicos (ainda não pós-pandêmicos, devemos nos lembrar e ficar em casa!).

Choram Marias e Clarices, e morrem Aldir Blanc, Flávio Migliaccio, Ciro Pessoa, ... A idade para alguns já havia chegado, como para Flávio, mas a natureza do desalento de sua morte torna-a mais triste. Vejo um lado interessante, especialmente em relação a Aldir Blanc, pois já não mais esperávamos a composição de grandes sucessos e a obra que nos legou ficará gravada em nossa memória e em nossa história. O lamento é pelo simbolismo da perda, de nos fazer pensar em tudo o que ele e nós passamos para resultar as músicas que compôs e os livros que escreveu. O hino aos prenúncios da redemocratização com a anistia - lenta, gradual, incompleta - volta a ser uma marca do momento presente, insano momento. Talvez seja a dor da rememória que nos faz tristes. Infelizmente, nestes tempos de coronavírus e covid-19 a lista é apenas parcial e incompleta, um recorte da semana, com pessoas de destaque do meio cultural, ainda que desprezadas e ignoradas pelos canais oficiais.

Morte é consequência inexorável da vida. Sabemos, entendemos, explicamos, mas nos entristecemos quando com ela nos confrontamos. Há tanta vida quanto morte na existência, pois o rumo universal é em direção ao equilíbrio, não à perenidade, ainda que sempre com aumento da entropia, da desordem. A única coisa constante no Universo é a soma da energia e da massa, interconversíveis que são, como demonstrou Einstein. Tempo e espaço variam, fazendo com que a densidade dos acontecimentos também mude, bem como o andamento das transformações. Vida acaba por ser um rearranjo de átomos. Neles, porém, não se veem os sentimentos que nossa consciência humana criou. #IniCiencias

Comentários

  1. Suas última seis linhas são muito claras para mim, não sei se todos os leitores as captam como um físico, mas é bom ter a linguagem clara da ciência na filosofia. Diria, em outros termos, que não temos como explicar a conciência, que é o nosso ser. E, mesmo com ela, não temos como explicar as hipóteses básicas que fundamentam inequivocamente à ciência, pois acabam gerando resultados verdadeiros. É a nossa sina de seres pensantes. E a ideia de "a vida como rearranjo de átomos", vem de encontro ao que fui entendendo nas décadas recentes, e aprofondo até extraplando o que alguém disse: que não temos como dar limite ao que seja a unidade elementar mínima da vida: Uma molécula, qualquer molécula, uma parte dela? Nossa visão do microscópico ainda não entra na intimidade desses elementos, que consideramos todos iguais, assim como alguém nos olhando de longe poderia considerar que todos os seres humanos fossem moléculas iguais.

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