Tamanho da palavra
Aprendi que anticonstitucionalissimamente era a maior palavra existente, com 29 letras e registrada como uma comprida cobra no 'Emília no país da gramática', de Monteiro Lobato. Minha filha me ensina que é pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, com 46 letras e se refere ao "indivíduo que possui doença pulmonar causada pela inspiração de cinzas vulcânicas", segundo o dicionário Houaiss. Mas esses exemplos são grandes no número e não no conteúdo. Amor e vida, com as singelas quatro letras, valem muito mais. Certo que haverá os que professam uma palavrinha de duas letras, acentuada até, que carrega forte significado. Mas sabem que eu não discuto religião. A existência humana se resume no ser, mas o capitalismo a transforma no ter. Três singelas letras em cada uma, de significados e posturas que se opõem entre si.
Minhas colunas nos jornais impressos são limitadas pela contagem de caracteres que, até com a mais antiga versão do Word, é feita facilmente com um clique. Nas redações, a composição de textos em jornais era feita letra por letra (os tipos móveis). O filme The Post, com os magistrais Tom Hanks e Meryl Streep, apenas para ficar em um dos mais recentes, mostra uma bela cena de composição da edição do jornal, com todos os saudosistas artefatos de uma imprensa que já não se faz existir. A internet fez romper a barreira da limitação do espaço a ser usado para escrever, mas criou outro, que é a própria essência deste blog: as pessoas não leem mais do que três parágrafos. E pelo que se vê - e até se lê - nas redes (anti)sociais os parágrafos são chochos e curtíssimos. Os meus aqui não se encaixam no perfil, mas o nome do blog continua.
O feriado que se aproxima possui oficialmente quatro dias e o dobro disso em número de letras. Em outros tempos, a folia juvenil era para chacoalhar um pouco o corpo por salões ensurdecedores e mesmo assistir à plástica da composição de enredos de rua na televisão. Hoje, a leitura de um bom livro e a quietude para propiciar espaços para as divagações oníricas são mais imperiosas. Eis o tempo, com suas cinco letrinhas, consumindo nossa persistente existência.
Minhas colunas nos jornais impressos são limitadas pela contagem de caracteres que, até com a mais antiga versão do Word, é feita facilmente com um clique. Nas redações, a composição de textos em jornais era feita letra por letra (os tipos móveis). O filme The Post, com os magistrais Tom Hanks e Meryl Streep, apenas para ficar em um dos mais recentes, mostra uma bela cena de composição da edição do jornal, com todos os saudosistas artefatos de uma imprensa que já não se faz existir. A internet fez romper a barreira da limitação do espaço a ser usado para escrever, mas criou outro, que é a própria essência deste blog: as pessoas não leem mais do que três parágrafos. E pelo que se vê - e até se lê - nas redes (anti)sociais os parágrafos são chochos e curtíssimos. Os meus aqui não se encaixam no perfil, mas o nome do blog continua.
O feriado que se aproxima possui oficialmente quatro dias e o dobro disso em número de letras. Em outros tempos, a folia juvenil era para chacoalhar um pouco o corpo por salões ensurdecedores e mesmo assistir à plástica da composição de enredos de rua na televisão. Hoje, a leitura de um bom livro e a quietude para propiciar espaços para as divagações oníricas são mais imperiosas. Eis o tempo, com suas cinco letrinhas, consumindo nossa persistente existência.
Muito bom!
ResponderExcluirO blogueiro anda inspirado! Mais do que a quantidade de letras nas palavras ou de caraceres nos textos, o importante é que não se perca a capacidade de refletir, questionar, buscar significados. E de fato, diante de tantas ideias, melhor não discutir o que é intrinsecamente indiscutível.
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