Auto-policiamento do indivíduo público

Em um estado democrático de direito, algumas prerrogativas antes concedidas a todos os indivíduos passam a ser exclusivas dos agentes públicos. Uma deles é o poder de polícia. Costumamos não concordar com tal situação, avocando o direito de nos defendermos fisicamente de uma agressão da mesma natureza. Retribuímos xingamentos, damos tapas e chutes e partimos para atos brutais, impedindo a ação do cérebro evoluído sobre o complexo reptiliano. No âmbito coletivo, um dos termômetros é a política de desarmamento, que é menosprezada quando o governante é adepto da hostilidade como primeira opção ao enfrentamento da divergência, não a diplomacia. Cremos que sabemos - e devemos - atacar para nos defendermos. Por outro lado, a polícia deveria estar fundamentalmente ao lado de todos os cidadãos, não apenas daqueles de "bens", mas, especialmente, defendendo os mais vulneráveis. Ledo engano, inocência pueril. A imiscuidade entre grupos de tensão leva a uma promiscuidade indevida que poderia ser evitada.

Não é porque um técnico de análises clínicas meche com fezes e urina o dia todo que ele é necessariamente contaminado por tais excrementos. Ele usa luvas, máscaras e outros equipamentos individuais de proteção, além de seguir protocolos de segurança muito bem estabelecidos e testados. No entanto, assim não é com as relações sociais. O isolamento seria algo artificial e estabelecer onde e quais são os pontos críticos para conflitos não segue uma ciência exata. Bem, pode-se usar do conhecimento científico para auxiliar em tudo o que diz respeito a nossa existência. #IniCiencias . Ao menos podia-se usar, antes da ascensão do ignorante obscurantismo dogmático estatal. Policiarmo-nos funciona até o limite de nossa paciência e a ofensa a um objeto religioso chega a ser um gatilho para crimes, tal como a subtração da vida de alguém querido.

Conhecer a si mesmo é um princípio filosófico muito distante, ainda mais agora que vale exclusivamente o perfil do indivíduo nas redes sociais (ou antissociais, melhor dizendo). Estou lá monitorando quantas curtidas esta postagem recebe e se publicam comentários. O limite entre a segurança e a privacidade é tênue e somente quando somos agredidos em uma delas ou em ambas é que nos alertamos para tais paradoxos. Quanto de informação pessoal devo fornecer para reforçar minha segurança pessoal e a integridade do grupo em que vivo? Um preço a se pagar para supostamente ser mais protegido vivendo em sociedade.

Comentários

  1. Violência versus diálogo; obscurantismo versus educação; pensar por si versus seguir a manada. Estaremos regredindo? Que é que está acontecendo, afinal, neste nosso mundo?

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  2. Penso que antes dessas proposições, temos que analisar a questão CULTURAL do povo. Nossa população, tem herdado desde há muito tempo, uma cultura da violência. O lar é um local hermético e de total inviolabilidade... Assim também o é, a figura de cada indivíduo, que, se acha superior inclusive às leis, e, dono de suas verdades, doa a quem doer! Segurança e privacidade é uma consequência social de cada indivíduo, mas, elas são pulverizadas, pela cultura do crime, da agressão, do não me toques, do "cara feia é fome", e inclusive, dos níveis de pobreza de grande parcela das classes menos favorecidas, que se lançam num rompante de preconceito contra os mais endinheirados! Enquanto tivermos um Estado Patrimonialista, que, paga o ônus a 1% dos mais ricos, entre os restantes 99%, haverá sempre o surgimento dessa parcela criminosa, estúpida, sem educação, idiota e violenta!

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