Educação é alimento contra a ignorância

O dia foi emblemático, com atos políticos nas instâncias de decisão no país e também na maior instituição internacional que demonstraram o nível de ignorância, falsidade e despotismo a que chegamos. Mas a noite de terça-feira foi mais esclarecedora, a iniciar pelo título do colóquio promovido pelo Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (IHGGC). "Luzes do Saber: Escolas em Campinas, séculos XIX e XX" foi o tema das profundas palavras de Arilda Ribeiro, Maria Eugênia Castanho e Sérgio Castanho, professores da Unicamp, com detalhados estudos e reflexões na história da educação. A mediação foi feita pelo presidente do IHGGC, Fernando Abrahão. As escolas são, por quase óbvio, lugares de saberes. Das agradáveis apresentações e rica discussão, destaco dois pontos importantes: as principais escolas campineiras se originaram como instituições privadas, mantidas com o dinheiro dos barões e, depois do advento da República, foram convertidas em escolas públicas, por desejo dos que as criaram. Iluminismo, exatamente ao contrário do que é propalado hoje: privatizar tudo o que é público. O outro aspecto de destaque é o desgaste anunciado do Segundo Império, sendo que a aura do Imperador como benevolente e defensor da ciência e educação fora suplantada pelo desejo de mudança, haja vista que se completava um século da Revolução Francesa. Diz-se que D. Pedro II era um "imperador republicano", com as devidas aspas de autoria e metáfora.

O mês Carlos Gomes caminha para seu final e o aprendizado musical foi um ponto supremo das atividades. Aprendizado para mim, apreciador da música, porém incompetente para emitir qualquer outro som que não a própria voz. Fisicamente o canto ouvido é fruto da movimentação plástica e harmônica do ar, o vento transformado em arte. Mesmos princípios podem ser aplicados a todos os instrumentos musicais que farão, de um modo ou de outro, o ar se movimentar em ondas. Mas como domar a arte de transformar o vento? Em escolas? A teoria musical parece que tudo pode e as belas árias, canções e solos de piano foram transcritos como cifras em pentagramas, estampados na fria celulose do papel. Simples tal transformação não é, e a dúvida é se, tal como na ciência, qualquer um pode se tornar um músico ou cantor? Sinto algo a mais do que o árduo estudo nas mulheres e homens que nos encantaram em várias apresentações líricas ao longo dessas semanas.

São também alimento educacional o conhecimento e o aprendizado da nutrição. Em movimento cíclico, saber o que se come é sabor, ou o sabor é saber, resgatando origens próximas de ambas as palavras. Educar o sistema digestivo requer muito estudo, uma vez que a generalização de contas de calorias, movimentos e massa corpórea não inclui o metabolismo mutável e individualizado e a inevitável industrialização de tudo o que vai boca adentro. Sob estresse, obesos como eu têm maior propensão a comer mais, acumulando o que já não é necessário. Sob ignorância social generalizada, então, a compulsão tende a aumentar, mas a consciência tenta convencer o resto do organismo de que resistir é preciso. Educar a educação, aprender a apreender, fome do saber. Dilemas constantes. #IniCiencias

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