Procurando para encontrar

Terminei a leitura de Origem, de Dan Brown, não sem um pouco de frustração. A ficção é boa, sem dúvida, mas antes da metade do livro já dá para prever o desenrolar dos acontecimentos, deixando claro que isso vale para quem leu todos os outros seis romances do autor. É muito curiosa, no entanto, a forma como foi construída a busca pela verdade e pelas respostas filosóficas primárias: de onde viemos e para onde vamos. O embate entre ciência e religião, fato e fé, permeia toda a obra e tornou-se um espelho do que vivemos em nosso país no momento. E adianto que, no livro, o objetivo é a discussão e não a tensão, muito diferente dos que propalam que deva haver pensamento único, refutando toda e qualquer forma de contestação. Finalizada essa leitura e também a do Holocausto Brasileiro, sigo com o Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson, alternando com Todos os Contos, de Clarice Lispector.

No calor do verão, no preparo de uma curta viagem ao litoral para o perfeito encontro dos três estados da matéria, limpo minha mesa de artigos esparsos de jornais que esperavam para ser incorporados ao arquivo de papel que construo desde que me entendo por gente pensante. É um encontro interessante entre o que foi reservado, anos atrás, como matéria importante e o julgamento que se faz agora. Organização traz também reflexão, o que é muito saudável. E reconhecer que muitas vezes erramos em nossos julgamentos pretéritos, por desconhecer, por óbvio, o futuro. Parece que no âmbito pessoal e íntimo isso é fácil de fazer, diferente do que acontece nas esferas supremas do poder, nas quais mais e mais os erros são evidentes e se quer perpetuar mentiras em detrimento de fatos.

Ciência e conhecimento são como o amor, devendo ser cultivados e construídos todos os dias. Não basta a existência para sua permanência. Também não seguem necessariamente uma lógica cartesiana, uma vez que podem se multiplicar quando se dividem. Da mesma forma que o amor cria, o estudo do conhecimento também o faz. E cria mais entendimento sobre o mundo, assunto de fundo do citado livro Origem. Se o estudo leva a respostas, não sei, mas ao menos alivia a angústia da existência. O que irrita é ver que fatores que estabelecem boas formas de estudar - como a qualidade de um livro didático - são ameaçados, mostrando que fomos tolerantes demais com a ignorância. #IniCiencias

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