Bondade da festa

Um amigo ficou indignado porque eu não curtia nem comentava nenhuma de suas postagens nas redes ditas sociais. Reclamava porque viu que eu, sistematicamente, ao menos clicava em imagens e mensagens de outras pessoas, mas não nas dele. Questionando-me, ao vivo em um encontro rápido, respondi que eu ficava ofendido com a forma de suas apresentações e, por isso, refutava a interação. Ofensa? Como assim? Todas suas ações continham termos religiosos e a crença em sua entidade. Sem exceção. Ou seja, nada do que você dizia era graças a você, a sua atividade ou a de seus filhos e parentes - argumentei a ele. Tudo era graças a essa divindade. Por que eu deveria interagir, se é uma crença sua, que deveria ficar exclusivamente em âmbito íntimo e pessoal? Ele, obviamente, continuou sem entender e também seguiu postando do mesmo jeito, pois fé é cega e o medo a domina.

Recebi indicações de que o verdadeiro aniversariante do Natal estava sendo esquecido e a onda consumista predominava na busca de presentes e festividades de confraternização. Realmente, o dia é a lembrança do solstício de verão (de inverno, no hemisfério norte), o ápice de luminosidade aqui, da escuridão lá, e, por isso, foi por milênios festejado para lembrar que dias mais claros virão. Sim, o escuro causa medo e deprime, por isso a associação desse dia com o frio, a neve, o velhinho vestido com roupas grossas, pesadas; os regalos seriam uma forma de trazer alegria e esperança. Ao longo do tempo, os povos nórdicos foram modificando a efeméride astronômica, incorporando elementos religiosos - como em quase tudo que é humano - e o calendário foi adaptado por cultos seguidos hoje por bilhões de pessoas, pois o solstício caiu em 21 de dezembro. Então, que fique registrado o verdadeiro aniversariante do dia: o sol.

Mas como somos filhos da cultura, e religião é também uma expressão cultural, aproveitamos a data para fazer balanços, reunir familiares e amigos e descansar um pouco. Respirar fundo, recarregar energias, pois o ano vindouro será duro. Dentre as várias atividades e planos está a apresentação sobre as crônicas de Lima Barreto na Academia de Letras de Lorena, sugerida neste espaço pela professora Neide Arruda de Oliveira, nossa futura presidente, e pelo Acadêmico Paulo Viana, leitor e comentarista assíduo destas linhas. Assim será. #IniCiencias.

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