Folhas frias caindo

A marca das estações nos trópicos não possui a evidência europeia. Folhas até amarelam, a temperatura até cai, o céu até fica mais azul para aviões riscarem-no de branco. Mas o domínio do tempo seco e das queimadas desperta-nos para o controle da respiração e da paciência para não sair a muque contra tudo&todos.

Projetos literários e científicos são postos à prova, movidos pelo incontrolável prazo final. O livro de crônicas vai esperar mais um pouco, o ensaio sobre o cearense vai tomando forma e os pedidos de bolsas para os alunos têm de acontecer até o fim de semana. No jornalismo científico o fim do semestre já dá o ar de sua presença no calendário e as três semanas restantes são para apresentações e elaboração de matérias individuais. Até agora, o grupo havia sustentado a narrativa.

O dia outonal escureceu mais cedo. Alberto Dines faleceu nesta manhã. Um jornalista sincero, militante. Gostava da forma como concebia a notícia e acompanhava o Observatório da Imprensa. Uma vez acolheu um comentário meu à revista Veja, preterido por ela, que continha um tom crítico, como sói ser.

Comentários

  1. Parabéns, Adilson, pela narrativa! Consegui imergir e senti fortemente a necessidade de sabermos levar a vida, por mais que o ritmo frenético nos impulsione.

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  2. Passam as estações, não cabem nelas todos os nossos projetos, e partiremos todos como partiu Dines, com tantos projetos pela frente. Ainda bem!

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  3. Viva a nossa prima vera que vem nos visitar com os dias contados para nos deixar: sabedoria da natureza que nos ensina ser passageiros. Ela é a verdade primeira da existência (prima vera). Parabéns Adilson pelo belo e conciso texto!

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