Modernas resistências

Em Campinas, estamos na Semana Guilherme de Almeida, com reflexões sobre os impactos do Movimento de 22 em sua obra e sua concomitante influência no evento. Aqueles poucos dias de fevereiro de um século atrás marcaram a estética, a cultura e a literatura posteriormente. Sabemos que alguns eventos não determinam um novo movimento, pois a modernidade nas artes se consolida no tempo. Uma data é importante para marcar o fato, mais como símbolo do que como ímpeto. Os estudiosos atuais da Semana de Arte Moderna de 22 abriram uma discussão ampla sobre o esquecimento de vários personagens importantes para o movimento. Também os chamados pré-modernistas são até mais debatidos do que os modernistas, como os precursores do movimento ou os preteridos no momento. Lima Barreto é um deles, Monteiro Lobato ali se encaixa também, mas o assunto nos eventos campineiros é o poeta que aqui nasceu. A semana segue recheada de atividades e destaco as curtas falas sobre Guilherme de Almeida na Academia Campineira de Letras e Artes, seguidas de apresentação musical, conforme pode ser consultado aqui: https://campinas.com.br/agenda/semana-guilherme-de-almeida-em-campinas-reune-saraus-exposicoes-e-palestras/.

A vitória da Cultura se deu no parlamento brasileiro, derrubando estapafúrdios vetos às Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo. Algo de lucidez ainda acontece, porém regada a bons bilhões de orçamentos secretos (?) e outro tanto para aquisição de votos no varejo. Nossa contagem regressiva está em 85 ou 180 dias, a depender do início do fim, ou do começo de um novo tempo. Resistamos: o artista é a areia na praia que sofre o frio, o calor, o vento e as vagas do mar, se dispersa, dança, sobe e desce, muda de lugar, mas perene se mantém. Escrevi sobre os de má-fé que ocupam espaços importantes na cultura e, mesmo assim, apoiam sua destruição. O escuso interesse individual, egoísta e incompatível com uma arte que grita sua existência, subverte qualquer possibilidade da (re)construção de um saber para todos. Não sei se leram ou se entenderam. Até agora, apenas umas críticas veladas e chinfrins, mas eis que ogros raivosos podem se levantar de seus buracos internéticos e sair dos grupos de whatsapp e telegram para rosnar.

Os tempos correntes coincidem com a data de outro foco de resistência que é a ciência, essa doce e amada fonte do conhecimento de como o mundo funciona. O Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador é neste 8 de julho, véspera do feriado da Revolução Constitucionalista. A celeridade e serenidade como fatos científicos precisam e devem ser tratados foram outras das vítimas do caos reinante. O charlatanismo antes restrito a vendedores de fórmulas de curas mágicas adentrou ministérios e órgãos de controle e decisão de políticas públicas, e vejo que também está pleiteando vagas no parlamento nas próximas eleições. A política científica procurou manter a ciência longe da política, mas creio que o momento mais do que urge para que nós cientistas tenhamos um pouco mais de protagonismo e responsabilidade nessa seara que também é de resiliência. Ou estaremos pregando a modernidade para apenas chegar a uma sociedade retrógrada. #IniCiencias

Comentários

  1. Modernismo, Cultura e Ciência: essenciais no nosso mundo atual. Enquanto isso, são 30 milhões de brasileiros sem comida. Dá para ajeitar? (PSV)

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