Dimensões
James Webb, o telescópio, começa seu trabalho. A primeira imagem feita foi a reprodução da mesma estrela tirada pelos diferentes espelhos que o compõem, além de um auto-retrato (ou selfie, na linguagem moderno-colonializada) de uma parte de si. Fotografias em várias dimensões, umas borradas, outras pouco intensas, todas servindo para calibrar o instrumento para perscrutar o mais longe do universo, no tempo e no espaço, um consequência direta do outro, nessa escala de bilhões de anos. Na coluna que mantenho no Jornal Cidade de Rio Claro, o foco é principalmente nas questões científicas e o importante artefato astronômico não ficaria de fora. Sobre ele discorri no início do ano, quando de seu lançamento ("Visão espacial", 5/1, que pode ser encontrado na minha página no Facebook https://www.facebook.com/adilson.goncalves.9847/). Vejam que mesmo com dezenas de obstáculos e detalhes que poderiam levar ao fracasso da missão, até agora, tudo caminha bem, dentro das perspectivas mais otimistas. Saberemos um pouco mais sobre a origem do universo e, quiçá, sobre nós mesmos. Além do caráter filosófico, tais empreendimentos são oportunidades para solucionar problemas cotidianos aqui na terra. Lembremos que toda a comunicação hoje se baseia nos satélites e no georreferenciamento, sem esquecer do forno de micro-ondas, fruto direto das viagens espaciais.
Há, por outro lado, os que cultuam a ignorância e sua parceira inseparável nestes dias obscuros, a mentira. Ambas de dimensões cada vez mais extensas e necessárias para quem delas vive e não admite nem os pressupostos religiosos de que a verdade é fonte de libertação. Deixemo-los com suas elucubrações vazias e vida em trevas. Parece que quanto mais necessário professar o mítico, mais mentiroso é. Constrangimento para aqueles que têm na fé uma base de vida, mas que sabem de sua natureza, limitação e dimensão. Seguir rumo ao esclarecimento não é simples, pois longe se está de qualquer verdade absoluta. Mas não se pode curvar à mentira explícita para justificar meios e medidas para resultados injustos, impróprios e, o mais importante em situações políticas, antidemocráticos. Aprendi que a ciência é baseada em fatos e evidências, mas pessoas - cientistas ou qualquer outra profissão - não são máquinas programadas somente para errar ou acertar.
Encerrei a coluna "O tempo de James Joyce" (http://adilson3paragrafos.blogspot.com/2022/02/o-tempo-de-james-joyce.html) dizendo que "na ciência é diferente escrever 2,5 e 2,50, assunto para uma próxima oportunidade". Eis que a oportunidade chega agora. Trata-se de algarismos significativos e imprecisão de medidas. No caso, 2,5 vindo de uma medida física significa que há imprecisão na casa decimal, o primeiro algarismo depois da vírgula. Ele está ali registrado como 5, mas pode conter uma imprecisão - para mais ou para menos-, caso seja fruto de uma medida com instrumento, tal como régua, relógio ou balança, para ficarmos nas três principais grandezas físicas: distância, tempo e massa. No segundo caso, a medida é mais precisa, pois a incerteza fica na casa centesimal, aquele '0' escrito. Grosso modo, podemos dizer que a segunda expressão de valor é 10 vezes mais precisa do que a primeira. Em primeira análise, isso tem pouco impacto na vida cotidiana, mas quando tais valores são processados em conjunto gerando outras medidas, as imprecisões vão se acumulando. Por isso que, em medidas estatísticas, são importantes relatar até onde vai a garantia, a confiança, da análise feita. #IniCiencias
Meu Deus, Adilson, lendo as suas postagens fics muito claro pra mim o quanto pouco eu sei. Todas suas colocações são verdadeiras aulas pra mim.
ResponderExcluirConfesso, porém, que nesta última postagem fiquei "boiando", em quase o texto todo. Puxa, preciso de muitas aulas mais, para poder dizer: entendi praticamente tudo.
Mas, um dia, eu chego lá.
É claro que concordo com você em muitos pontos, ou seja, naqueles que consigo acompanhar.
De qualquer forma, leio sempre com muito interesse as suas reflexões.
Aparecida Militao Kugelmeier
Muito interessante os assuntos aqui tratados e passíveis a uma boa reflexão (no meu caso) para serem bem compreendidos. Admiro muito a sua cultura e habilidade para escrever, seja qual for o assunto. PARABÉNS ADILSON!
ResponderExcluirOi Adilson, meus parabéns pela sua cultura e por saber expressar tão bem os seus conhecimentos.
ResponderExcluirUm abraço. Magda Helena.
Parágrafos bem interessantes, mas por que quando fala de um comentário cientifico, você sempre coloca sua opinião política e atéia nas entrelinhas? A ciência é poderosa e atéia, acha que só ela tem a verdade e não consegue ver quanta mentira existe nisso. É necessária uma mudança de paradigma.
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