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Mostrando postagens de novembro, 2025

Somos selvagens

O feriado prolongado passou e, mesmo ausente de manifestações e celebrações, houve o acompanhamento de acontecimentos ao toque do teclado. Algumas simbologias marcam, tal qual a escolha de mais um ministro branco para o STF, o incêndio na COP-30 - muito provavelmente os combustíveis queimados são de fonte fóssil - em momento em que se caminhava para o sucesso relativo desse tipo de evento, e a retirada de mais um pacote de taxas de importação de produtos brasileiros por parte do governo norte-americano. Parecem todos acontecimentos pretéritos. E são. Mas é no entendimento do passado que tentamos viver o presente. Ao menos alguma ciência adentrou a discussão política e mandatários entendem, um pouco tardiamente, que o aquecimento global e o aumento da incidência de eventos climáticos extremos levarão à morte muitos de nós. Países insulares poderão ser extintos, e outros com extenso litoral, como o Brasil, já vivenciam o avanço do mar e a destruição de construções à beira da praia. Mais ...

Ambiente da arte

Se fizeram a COP-30 coincidir com os dias próximos ao do aniversário da República ou com o impacto devastador do tornado em nosso país, não sei. Encontros humanos podemos marcar no calendário e receber as visitas com o toque da campainha. Os eventos naturais, não. Fenômenos climáticos extremos seriam combatidos com ações políticas complexas, para usar chavões em voga. A natureza não se vinga, lembremos, ela apenas responde termodinamicamente às ininterruptas interferências aos sistemas que, redundantemente por natureza, buscam o equilíbrio, seja como for. A escala é que muda e torna-se significativa. Para o universo, o aquecimento global em curso na Terra absolutamente nada representa; para a microflora de vários ecossistemas, já foi causa da extinção. Para nós, ditos humanos e sábios, o impacto já se faz notar e o vento que venta aqui não é mais o mesmo que venta lá, distorcendo a canção de João Mulato e Douradinho, que escutei bastante na voz de Elis Regina. A arte segue em alta, com...

Manga e topázio

Talvez o conteúdo do blog tenha mudado a fim de acomodar o ritmo acelerado do momento, o que também compensa atrasos e frustrações. Como dizem os "coaches" charlatães, vamos trazer o positivo e expulsar o negativo, como se a natureza assim o permitisse. De qualquer forma, devemos falar mais de vida do que de morte, ainda que uma seja consequência da outra. Ao nos posicionarmos no mundo, física e politicamente, engolimos muita coisa, de sapos a microplásticos, de alimentos a venenos, mas uma joia guardada em estômago seria mais nociva de que a chance de contrabando, pergunta que faço. Já engoli uma bolinha de gude, que, lisa e placidamente, saiu por onde tinha de sair, sem necessidade de intervenção interna. A mãe dirá que rezou, mas, mesmo que assim fosse, não foi ajuda interna. A intervenção do além não conta. Alguns alimentos podem ter sido ingeridos para facilitar a movimentação. Isso já não lembro. Mas saiu. O vidro esférico não era um topázio, ou qualquer outra pedra val...

E novembro começa

Dia dos mortos, de santos, de fadas, de bruxas e de sacis. Cosmicamente, estamos aproximadamente entre o equinócio da primavera e o solstício de verão, talvez por isso os ancestrais tenham dedicado o período à interlocução mística e mítica com o mundo real. Sim, quase tudo o que rege as crenças e religiões modernas possui uma raiz em um passado não muito distante. Cada crença, da mesma forma que cada conhecimento, é construída sobre algo que já estava ali, aprimorando-o ou deturpando-o. Isso serve para mundos reais e imaginários. A Idade Média - retrógrada em termos religiosos, por exemplo - foi profícua no desenvolvimento científico em outras partes do mundo que não a Europa central. Hoje o retrocesso religioso parece mais amplo e intenso, penetrando de forma explícita na vida cotidiana de todos. Nunca antes foi disseminado tanto ódio por meio de instrumentos tidos como do amor. E o conhecimento tem sido outra vítima, além dos que vestem peles escuras e moram em periferias, levando a ...