Oitos idos de dezembro
A data marca a morte de Tom Jobim em 1994 e a de John Lennon em 1980. Em diferentes décadas, perdemos ícones da música mundial, sabendo que muito mais ainda tinham para alegrar a nossa existência. Jobim viveu quase 68 anos e Lennon apenas 40. Pelo que os oitentões estão produzindo do bom e do melhor na música e em outras artes, podemos imaginar o que esses dois ainda fariam com seus acordes e letras. Restou que no mesmo dia aconteceu a indicação de Wagner Moura e do filme "O Agente Secreto" para o Globo de Ouro, superando, até, as indicações do ano passado de Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui". Também integram a lista de pré-selecionados ao Oscar e já antevemos um início de ano de torcida e angústias, sem esquecer que a própria indicação já é uma conquista. Ao menos nas artes superamos os desvarios da política.
Clarice Lispector foi a efeméride da semana porque conseguiu nascer e morrer praticamente no mesmo dia. Certo que a escritora ucraniana, naturalizada brasileira, pode ter alterado o dia no nascimento por questões legais, de memória ou de conveniência. Na saga do refugiado não fica para trás apenas a história vivida. Leva-se a memória. Quantos hoje mantêm duplos aniversários? Em 10 de dezembro foram 105 anos de seu nascimento e, no dia anterior, 48 de sua morte. Ela é mantida como uma das musas das citações da internet, ainda que boa parte do que a ela seja atribuído não passa de ilusão de quem postou. Uma pergunta a ser feita é quantas pessoas que leem as postagens, também leram seus livros, crônicas, contos e reportagens? A superficialidade da interação cibernética é a resposta profunda para o nível de desconhecimento a que chegamos e em que vivemos. Estudos mostram o quão ficamos dependentes do que o google diz (agora é o chatgpt também) e não mais irmos por conta própria à busca da informação perdida.
Os devidos e previstos atrasos e acúmulos do mês mais curto do ano fizeram com que a promessa, vinda do título, fosse substituída pelo quase início do verão. Isso oficialmente, porque aqui no sudeste uma frente fria fez tirar a coberta do armário e usar para dormir. Dezembro veio com fortes ventos e chuva, que serviram de desculpas para a destruição e apagões. Sim, não conseguimos nem lidar com os fios que conduzem eletricidade, o que dirá da condução de nossas vidas? Os mesmos "gestores" que dão marteladas em leilões da coisa pública, aparecem com a superfície facial lambida de peroba dizendo que está tudo certo e que, talvez, tenham de rever os tais contratos. O mês que seria frio apenas nos acontecimentos políticos e quente no resto sofreu uma inversão técnica e não térmica. Assim, mesmo com a iminência da troca de folhinha na parede, e para além de dezembro, o mundo continua acontecendo. E o blog também.
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