Brio e calafrio na festa
No Facebook consta o aniversário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no dia 8 de julho porque é o dia da ciência e do pesquisador. Foi pouco lembrado talvez porque dia de ciência e como dia de respirar. De toda forma, juntando as datas comemorativas dessas duas últimas semanas, há uma mescla de civismo com festa e irritação. O aniversário de Campinas é coincidente com o da Queda - ou Tomada - da Bastilha, marco dos princípios republicanos e democráticos da chamada sociedade ocidental. A revolução é, portanto, feita de caídas e reconstruções. Aqui na Terra das Andorinhas houve a reinauguração do Centro de Convivência Cultural, com apresentação da orquestra sinfônica municipal. O complexo leva o nome do maestro Carlos Gomes e ficou 14 anos fechado devido a infiltrações e risco de ruir. Muito dinheiro foi utilizado no restauro, realocando parte dos recursos que seriam usados para a construção de um teatro de ópera na cidade. O Centro de Convivência possui um teatro de arena na área externa onde foi o concerto, que leva o nome da diretora teatral Teresa Aguiar. O Teatro de Arena "Teresa Aguiar" vai carinhosamente abreviado agora de TATA, pois tudo é mnemônico para emplacar nas redes sociais.
O feriado paulista da Revolução Constitucionalista foi quase coincidente com as taxas de importação políticas do doidivana que ocupa a presidência dos Estados Unidos, clamando não por regulação do comércio entre nossos países, mas, sim, para interferir em nosso sistema judiciário e libertar criminosos. E há os que saíram comigo para cantar a Canção do Expedicionário, cuja letra foi composta por Guilherme de Almeida, e recitar Nossa Bandeira, do mesmo poeta campineiro, cantando e enaltecendo o brio dos paulistas, mas que são cúmplices, cupinchas, eleitores enfim, do entrega tudo governador de nosso estado. Como defender o brio daqueles que lutaram contra a ditadura de Vargas por uma constituição e que, aqui e agora, se borram na aceitação da interferência de um país em outro? Meus interlocutores com quem travei tal disparate que se manifestem, pois eu já me irritei em demasia por esses dias.
Mesmo com o calafrio que o momento político internacional nos proporciona, com guerras comerciais, políticas, criminosas e outros adjetivos preocupantes, foram bonitas as festas, aqui e alhures. Cantamos o poeta Guilherme de Almeida e tocamos e ouvimos o maior compositor das Américas, o campineiro Carlos Gomes. Repetindo, foi um icônico 14 de julho, com a Queda da Bastilha há 236 anos, homenageando o Brasil em parte das comemorações junto à Torre Eiffel, aniversário de 251 anos de minha Campinas e também os 80 anos do início da era atômica com fins bélicos. Em tempos de taxas trumpistas em defesa de extremistas da direita e ameaças à democracia e aos princípios republicanos, lembremos que os Estados Unidos foram os únicos do mundo a detonar uma bomba nuclear em outro país.
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