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Mostrando postagens de julho, 2025

Encontro de Acadêmicos

O fim de semana de dez dias atrás foi de júbilo, com o encontro das Academias Literárias e de Artes do Vale do Paraíba, em minha Lorena querida, promovido por nossa Academia amada. Estive lá acumulando a presença como membro fundador da Academia de Letras de Lorena e representando os presidentes das duas Academias de Campinas às quais pertenço. Ana Maria de Melo Negrão, presidente da Academia Campinense de Letras, e Sérgio Caponi, da Academia Campineira de Letras e Artes, delegaram-me o nobre mister. No passado, houve dissabores entre fundadores de uma e de outra instituição campineira, mas que com o tempo - o onipresente senhor da razão - foram extintos. Tanto é que muitos de nós somos membros de ambas. Em minha contagem, oito acadêmicos mantêm a dupla filiação, à semelhança do que ocorre em outras cidades. A cultura deve ser maior do que o ego dos que querem constituir uma academia apenas para chamar de sua. Por isso a Academia de Letras de Lorena é nossa instituição cultural. Surpre...

Trânsito em transe

O irritadiço condutor do automóvel moderno fez ultrapassagem pela direita, acelerou mais do que permitia a regra humana, buzinou, deu farol alto e espalhou seu mau humor por toda a parte, aos demais motoristas da via expressa. Não sabemos se estava trajando luto, ou engravatado para o mister empresarial em um escritório do prédio envidraçado da famosa avenida. Conseguiu adiantar-se valiosos cinco minutos para chegar, mesmo assim, atrasado ao local de trabalho, com a triste finalidade de alimentar um sistema capitalista em que é iludido na função de ser algo além do produtor de riquezas para outros. Não é nada além de assalariado. Lá atrás, meia hora antes, ao ver o bólido prateado errante em alta velocidade atrás de si, a senhora agarrada ao volante de um pequeno carro de passeio - assim é chamado - pensou se deveria reduzir seu ritmo, uma vez que dar passagem estava fora de cogitação por já estar trafegando na pista intermediária, abaixo do limite máximo e acima do limite mínimo, que ...

Brio e calafrio na festa

No Facebook consta o aniversário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no dia 8 de julho porque é o dia da ciência e do pesquisador. Foi pouco lembrado talvez porque dia de ciência e como dia de respirar. De toda forma, juntando as datas comemorativas dessas duas últimas semanas, há uma mescla de civismo com festa e irritação. O aniversário de Campinas é coincidente com o da Queda - ou Tomada - da Bastilha, marco dos princípios republicanos e democráticos da chamada sociedade ocidental. A revolução é, portanto, feita de caídas e reconstruções. Aqui na Terra das Andorinhas houve a reinauguração do Centro de Convivência Cultural, com apresentação da orquestra sinfônica municipal. O complexo leva o nome do maestro Carlos Gomes e ficou 14 anos fechado devido a infiltrações e risco de ruir. Muito dinheiro foi utilizado no restauro, realocando parte dos recursos que seriam usados para a construção de um teatro de ópera na cidade. O Centro de Convivência possui um teatro ...

Beleza

O belo é estético, é íntimo, é relativo, é interativo. O belo é único e é insano porque é meu. O seu belo também será seu, não se preocupe. Mas também o belo é bélico nas guerras insanas. Há muito me incomoda a origem da beleza e da guerra resultarem homógrafos homófonos tão distintos, tão opostos. Coisas de uma rica língua neolatina. A belonave é de triste guerra, não de nobre paz. Pena que a paz não seja tão ligeira como seu palíndromo, o zap, em que mensagens fluem em velocidade próxima à da luz, arrastando coisas das mais diversas, incluindo a beleza. Sim, muito lixo é transportado pelas ondas cibernéticas, mas aos olhos e ouvidos atentos restará uma boa dose de boniteza ali. E nem precisa ser um quadro de Renoir ou uma sinfonia de Beethoven, nem mesmo um poema de Leminski, nem uma escultura de Rodin. A arte é bela pelo que desperta, não pelo que é. O ser belo é predicado, restando ao sujeito da observação a responsabilidade pelo verbo que lhe dará existência. Pureza rima com belez...

Ano ao meio

Acabei de sair de uma "Riobaldia" na Biblioteca Municipal Prof. Ernesto Manoel Zink, dentro das comemorações do aniversário de João Guimarães Rosa. A experiência em quase êxtase com a oralidade do escritor e suas palavras reflexivas e profundas faz com que integrem um estudo mais coeso e longe destes parágrafos. O período desses dias foi marcado pelas festas juninas chegando ao fim, dias em que consegui ir a algumas quermesses e saborear um quentão com pastel e cachorro-quente. O gastro não deve ler essa confissão e poderei dizer que está tudo bem, depois de uma endoscopia conjunta com uma colonoscopia para aproveitar a sedação. Também foi feriado em Rio Claro, no mesmo dia do São João, emendado com o anterior, de Corpus Christi, o que resultou seis dias sem atividade de trabalho, mas que nada mudou na diminuição da lista de afazeres. O tempo é igual para todos, mas a maneira como ele é preenchido é o que dá a dimensão do prazer ou não de usá-lo. Há tempo para tudo e tudo tem...