Cem horas
Na brincadeira com as palavras, as cem horas viram senhoras. Aquelas são o tempo faltante para a festa duradoura, estas são, com a devida vênia ao quase anacronismo do vocábulo, a fração da população que decidirá pelo melhor por vir. A múltipla sonoridade das letras s e c e suas composições entre si e com outros membros do alfabeto fez o deleite de Orígenes Lessa em seu "As letras falantes". Com s, sem é nada, com c, cem é muito. Cem horas para resolver transmite sua mensagem quando lida. Ouvida pode olvidar esse significado e levar o interlocutor a pensar que não haveria mais tempo, mais horas, para a solução. Fiquemos no registro gráfico: sim, há tempo e há esperança. A primavera trazida neste mês de setembro pela chuva e pelas flores é sinal dessa esperança, cantada em verso e nas mensagens pelo Facebook, Twitter, Instagram e demais redes supostamente sociais. Enquanto letras desabrocham palavras em mim, os números primos trazem a sorte da mudança, da semente enterrada que germinou.
Quando digo estar aliviado, o incauto ironiza e pensará que poderá ficar capaz, por mais beligerante que seja. Brincadeiras de quinta série, classificarão os que monitoram as piadas sem graça que grassam por aí, de missões oficiais a ofícios em missas. Sempre motivado pelo colunista da Folha de S. Paulo Sérgio Rodrigues, fiz algumas alusões ao xadrez internacional em constante movimentação, destacando as patacoadas internas e externas que nos fazem triste figura. Se publicadas, incorporarei o link aqui. Por enquanto, o texto está na caixa de entrada junto a centenas de e-mails do editor, aquele ser que não tem hora certa para dizer se as palavras encontrarão sua celulose para se eternizarem em impressão. O professor Sergio Castanho, de mesmo prenome que o outro articulista, usou a hora certa para falar de escritoras campineiras no Correio Popular, enaltecendo a rememória das palavras que elas usaram. Não repetirei a doce crônica aqui, mas ressalto que isso nos faz muita falta, ou seja, fazer releituras para entender aquele mundo já vivido para explicar, ao menos um pouco, o mundo em vivência atual. Réguas diferentes, sabemos, mas é melhor começar com um instrumento de medida do que tatear no escuro dos falsos dizeres.
O tempo continua chuvoso e curto. Se não chovia há tempos, agora o clima é de um colorido verdejante que mexe com os brios e o sangue a nos correr pelo corpo. O mês em homenagem a Carlos Gomes chega ao fim e ainda há tempo para enviar trovas para o concurso promovido pela União Brasileira de Trovadores, Seção Campinas (https://falandodetrova.com.br/ubtcampinas2022). Para os admiradores e adeptos da escrita literária e poética, o blog Concursos Literários (http://concursos-literarios.blogspot.com/), de meu amigo Rodrigo Domit, é o mais completo, com informações de prazos e condições e está sempre atualizado. O último dia do mês coincide com grande parte das datas finais de tais certames. O tique-taque do compasso da espera angustia não pela certeza do que virá, mas pela incerteza do que sabemos que não virá. Nessa toada, uns vêm e passam, outros já são passado (https://www.brasil247.com/blog/triste-fim-de-ciro-gomes). Uma pena!
Primeiro parágrafo magnífico!
ResponderExcluirPalavras podem ser terapêuticas. Muito bom!
ResponderExcluirPrimeiro parágrafo... magnífico! Os outros dois muito bons também! Parabéns Adilson!
ResponderExcluirMaria Felim